Três fundamentos que apontam para uma recessão amena nos EUA, segundo análises da hEDGEpoint Global Markets

Publicado em 07/12/2022 14:20

A economia global nunca passou por um aumento de taxas de juros tão forte e coordenado. Da Ásia emergente à Europa Ocidental, os bancos centrais têm aumentado as taxas de juros para reduzir a inflação, reduzindo a demanda agregada -- o que é o mesmo que causar uma desaceleração do crescimento econômico.

Considerando que o Fed aumentou as taxas da maneira mais rápida em mais de 40 anos, a maioria dos economistas espera que a economia dos EUA desacelere no próximo ano. Ainda que uma recessão seja entendida como um consenso, sua intensidade e duração não são. Há analistas otimistas que acreditam que os sinais de uma futura recessão são fracos, pois há sinais de que a inflação pode estar recuando e o mercado de trabalho continua resiliente.

Até agora, várias pesquisas foram feitas com grandes instituições financeiras e a maioria delas está antecipando que uma recessão se formará em 2023. Embora o cenário aponte para uma provável recessão nos EUA, a hEDGEpoint acredita que a recessão será amena, dados os seguintes fundamentos:

1. O mercado de trabalho dos EUA continua resiliente. Um padrão interessante que se desenvolveu é que, embora as taxas de juros tenham aumentado substancialmente, o desemprego não aumentou;

2. A expectativa de inflação de longo prazo está ancorada e os principais indicadores de inflação observados pelo Fed começam a diminuir, o que pode levar o FOMC a posturas mais dovish nas próximas reuniões. Além disso, a inflação de habitação provavelmente atingiu o pico em setembro.

3. Mesmo que ainda vejamos alguns problemas logísticos pontuais aqui e ali, os índices da cadeia de suprimentos apontam para uma normalização. Isso combinado com altos níveis de estoque contribuirá para a desinflação nos próximos meses, o que também pode levar a um Fed mais dovish.

O mercado de trabalho pode manter a demanda saudável

O emprego tem resistido ao aperto monetário globalmente, mas especialmente nas economias desenvolvidas. Mesmo em meio a fortes aumentos de juros nos EUA, o desemprego está próximo do nível mais baixo em mais de 40 anos. Isso fez com que a inflação salarial aumentasse, pois a falta de trabalhadores e a demanda pós-covid criaram uma escassez de mão de obra. Essa situação começou a mudar, pois o aumento das taxas de juros fez com que as vagas de emprego diminuíssem -- sem causar o aumento das taxas de desemprego nos EUA.

Fundamentos desinflacionários podem levar a taxas mais baixas

Mesmo com a inflação americana ainda muito acima da meta de 2% almejada pelo Fed, algumas variáveis ​importantes observadas pela autoridade monetária começaram a dar sinais de abrandamento. O Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) é o principal índice seguido pelo Fed, e desacelerou em outubro -- o que provavelmente será fundamental para uma redução no ritmo de alta na reunião de dezembro do FOMC.
 

Além do PCE, as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas e em queda, enquanto a inflação de habitação -- que responde por cerca de 30% do CPI -- provavelmente atingiu o pico em setembro. Como mencionamos em relatórios anteriores, vendas menores de casas novas costumam ser inflacionárias no curto prazo e deflacionárias no longo prazo.

De uma forma geral, segundo análises da hEDGEpoint, os custos de habitação são calculados com base no aluguel e não nos preços das casas, e a tendência é que a procura por aluguel aumente quando as vendas de casas são mais baixas -- levando a custos de habitação mais elevados a curto prazo.
 

Mas, a longo prazo, a maior disponibilidade de casas face às vendas mais baixas conduzem a aluguéis mais baixos -- e parece que estamos próximos deste ponto de virada.
 

Outra pressão desinflacionária que parece não ser levada em conta pela maioria dos analistas é a melhora dos índices da cadeia de oferta. Embora ainda existam questões logísticas no radar, como a seca no rio Mississippi, a Política Zero Covid da China e as greves ferroviárias, os índices de custos da cadeia de suprimentos caíram drasticamente em relação aos picos da pandemia.

Além disso, estoques mais altos devem aliviar a pressão sobre os preços das mercadorias, já que o pico dos estoques costuma coincidir com mudanças na direção da inflação, segundo análises da empresa.

Fonte: hEDGEpoint Global Markets

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