Rússia se diz "aberta" a negociações sobre Ucrânia, mas faz exigências após comentário de Biden
Por Pavel Polityuk
KIEV (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, está "aberto a negociações" sobre a Ucrânia, mas o Ocidente precisa aceitar as exigências de Moscou, disse o Kremlin nesta sexta-feira, um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dizer que está disposto a conversar caso Putin esteja buscando uma maneira de acabar com a guerra.
Biden e o presidente francês, Emmanuel Macron, disseram após conversas na Casa Branca na quinta-feira que responsabilizariam a Rússia por suas ações na Ucrânia, mas o presidente dos EUA também pareceu enviar um sinal de abertura a Moscou, enfatizando que não viu nenhuma mudança na posição de Putin.
Biden não fala diretamente com Putin desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro. Em março, Biden classificou Putin como um "açougueiro" que "não pode permanecer no poder".
Agora, depois de mais de nove meses de combates e com o inverno se aproximando, os países ocidentais estão tentando aumentar a ajuda à Ucrânia, que busca se recuperar dos ataques russos de mísseis e drones contra a infraestrutura de energia que deixou milhões sem aquecimento, eletricidade e água.
Os combates estão intensos no leste da Ucrânia, com a cidade de Bakhmut sendo o principal alvo dos ataques de artilharia de Moscou, enquanto as forças russas nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia, no sul, permanecem na defensiva, disse o Estado-Maior da Ucrânia em sua última atualização do campo de batalha.
Em uma tentativa de reduzir o dinheiro disponível para o esforço de guerra de Moscou, a União Europeia concordou provisoriamente com um teto de 60 dólares por barril para o petróleo russo transportado por via marítima, disseram diplomatas. A medida precisará ser aprovada por todos os governos da UE em um procedimento escrito.
Na primeira resposta pública de Moscou à abertura de Biden, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres: "O presidente da Federação Russa sempre esteve, está e continua aberto a negociações para garantir nossos interesses".
Peskov afirmou que a recusa dos Estados Unidos em reconhecer o território anexado na Ucrânia como russo estava atrapalhando a busca por maneiras de acabar com a guerra. Moscou já havia buscado amplas garantias de segurança, incluindo uma reversão da ampliação da Otan para o leste.
Putin disse ao chanceler alemão, Olaf Scholz, em um telefonema nesta sexta-feira que a linha ocidental na Ucrânia era "destrutiva" e instou Berlim a repensar sua abordagem, informou o Kremlin.
Na leitura de Berlim sobre a ligação, o porta-voz de Scholz disse que o chanceler condenou os ataques aéreos russos contra a infraestrutura civil e pediu uma solução diplomática para a guerra "incluindo a retirada das tropas russas".
Putin tem afirmado que não se arrepende de lançar o que chama de "operação militar especial" para desarmar e "desnazificar" a Ucrânia. Ele descreve a guerra como um divisor de águas quando a Rússia finalmente enfrentou um Ocidente arrogante após décadas de humilhação após a queda da União Soviética em 1991.
A Ucrânia e o Ocidente dizem que Putin não tem justificativa para o que classificam como uma guerra de ocupação de estilo imperial, na qual milhares de civis foram mortos. Kiev afirma que lutará até que o último soldado russo seja expulso de seu território.