Dólar tem pouca alteração com exterior ameno e antes de dados de inflação dos EUA
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar alternava leves altas e baixas frente ao real nos primeiros negócios desta quinta-feira, de olho na fraqueza externa da divisa norte-americana em meio a esperanças de desaceleração do aperto monetário do Federal Reserve, antes da divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos.
Às 9h04 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,21%, a 5,2125 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,38%, a 5,1800 reais.
O foco de investidores nesta quinta-feira estava sobre o Federal Reserve, cujo chair, Jerome Powell, sinalizou na véspera que o banco central norte-americano pode reduzir o tamanho de seus ajustes nos juros já em dezembro. O dólar se enfraquecia globalmente na esteira dessa indicação,
Às 10h30 (de Brasília), serão divulgados dados de inflação norte-americanos que podem reforçar a perspectiva de um Fed mais brando na conduta da política monetária, caso venham em linha com as expectativas ou abaixo do esperado.
Uma leitura que surpreenda para cima, no entanto, pode minar o bom humor no mercado e beneficiar a moeda norte-americana, alertavam especialistas.
Já o noticiário fiscal doméstico continuava no radar, mas sem a expectativa de desdobramentos relevantes no dia. "Não esperamos grandes novidades, uma vez que a PEC de transição só será avaliada e votada no Senado na semana que vem, e o governo já sinalizou que nenhum ministro deverá ser anunciado até o final de semana", disse a equipe da Guide Investimentos em nota.
Segundo Bruno Di Giacomo, CIO da Nero Capital, a PEC da Transição é o "grande tema" do mercado financeiro brasileiro no curto prazo.
"Foi isso que pressionou o câmbio na última tendência de alta, e talvez o arrefecimento recente (do dólar) tenha a ver com possível desidratação" da proposta durante tramitação no Congresso, avaliou o especialista.
Na quarta-feira, a moeda norte-americana spot caiu 1,68%, a 5,1996 reais, patamar de encerramento mais baixo desde o último dia 9 (5,1845). No acumulado das últimas três sessões completas, o dólar despencou 3,85%, em meio a esperanças de que os 200 bilhões de reais em gastos extrateto previstos na PEC sejam moderados e seu período de duração, reduzido.
Olhando para um prazo mais longo, Di Giacomo vê uma tendência de baixa do dólar, em meio à possibilidade de que a taxa Selic volte a subir, o que elevaria o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos e tornaria a moeda brasileira mais atraente para investidores estrangeiros.
Os juros futuros dispararam em novembro em meio à percepção de risco fiscal elevado, com a curva de DIs chegando a precificar novos aumentos da Selic --atualmente em 13,75%-- em 2023.
O Banco Central fará nesta quinta feira, a partir de 10h25, leilões de venda conjugados com leilões de compra de moeda estrangeira no mercado interbancário de câmbio, em que aceitará, no máximo, 2 bilhões de reais.
(Edição de Isabel Versiani)