Dólar tem vaivém em sessão instável por fim de mês e especulações sobre PEC, Fazenda

Publicado em 30/11/2022 10:47

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar alternava altas e baixas frente ao real nesta quarta-feira, em sessão instável por se tratar do último dia do mês, ora acompanhando a percepção de que a PEC da Transição será desidratada no Congresso, ora refletindo incertezas sobre a composição do Ministério da Fazenda do governo eleito.

Por volta de 10h24 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,31%, a 5,3019 reais na venda, depois de mais cedo ter chegado a cair 0,83%, a 5,2443 reais.

A sessão era de volatilidade elevada, o que investidores atribuíam à formação da Ptax --taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para liquidação de derivativos-- de novembro. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar, o que geralmente eleva a volatilidade.

"Os comprados estão tentando mostrar sua força na disputa pela Ptax de fim de mês", avaliou Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,58%, a 5,3040 reais.

Apesar do vaivém do dólar nesta manhã, persistia no mercado financeiro a esperança de que o texto da PEC da Transição --que atualmente propõe gastos extrateto de quase 200 bilhões de reais por quatro anos-- possa ser lapidado durante tramitação no Congresso.

"O principal é o alinhamento do novo governo e o Senado; a PEC deve andar bem, com expectativa de que fique abaixo do valor pretendido inicialmente", disse à Reuters Bruno Mori, economista e planejador financeiro pela Planejar. "Essa desidratação traz um pouco de alívio."

Por outro lado, investidores continuavam incertos sobre quem será o escolhido de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para chefiar o Ministério da Fazenda, o que infligia instabilidade aos negócios.

Após semanas tendo quase como certa a indicação do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) à pasta, alguns agentes financeiros reagiram bem a reportagem de terça-feira do Poder 360 de que Lula teria voltado a cogitar a nomeação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, nome mais moderado, de forma a apaziguar os mercados.

"Continuamos em um ambiente onde 'balões de ensaio' são utilizados por Lula para testar a sociedade e o mercado. Com uma visibilidade mais baixa, é natural que tenhamos que conviver com uma volatilidade mais alta, sem grandes tendências nos ativos locais", disse Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, em nota a clientes.

No exterior, o foco nesta quarta-feira recaía sobre o Federal Reserve, antes de discurso do chair Jerome Powell, que pode trazer pistas sobre qual será a trajetória de aperto monetário do banco central norte-americano a partir de dezembro.

Segundo Mori, da Planejar, sinalizações de Powell no sentido de desacelerar o ritmo de altas de juros podem pressionar o dólar globalmente, abrindo espaço para a valorização de moedas de países emergentes.

"Se, ao invés de o Fed subir os juros em 0,75 (ponto percentual), subir 0,50 (em dezembro), isso traria um certo conforto; a moeda reflete o que seus juros locais pagam", disse o economista. Quanto mais altos são os custos dos empréstimos em determinado país, mais sua divisa tende a se beneficiar, e vice-versa.

A moeda norte-americana negociada no mercado interbancário fechou a última sessão em queda de 1,42%, a 5,2883 reais, menor patamar para encerramento desde o último dia 9 (5,1845).

(Por Luana Maria Benedito)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cerca de 80 países chegam a acordo sobre comércio eletrônico, mas sem apoio dos EUA
Brasil terá bandeira verde para tarifa de energia em agosto, diz Aneel
Wall Street termina em alta com apoio de dados de inflação e ações de tecnologia
Ibovespa avança mais de 1% impulsionado por Vale e quase zera perda na semana; Usiminas desaba
Dólar acumula alta de quase 1% na semana em que real foi pressionado pelo iene
Podcast Foco no Agronegócio | Olho no mercado | Macroeconomia | Julho 2024