Moraes atribui nota da Defesa que não exclui possibilidade de fraude nas eleições a questões políticas
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, atribuiu nesta segunda-feira a questões políticas a nota do Ministério da Defesa que afirmou, sem apresentar evidências, não ser possível excluir a possibilidade de fraude nas eleições.
A nota foi divulgada na semana passada um dia após um relatório da Defesa entregue ao TSE não apontar qualquer tipo de fraude no pleito de outubro.
Em fala durante evento do Lide em Nova York junto com outros membros do Supremo Tribunal Federal (STF), Moraes minimizou a nota dos militares.
"Politicamente se colocou, mas pode ser que eventualmente ocorra uma inconsistência", disse Moraes, que, em tom de ironia, citou comentário de um jornalista político na televisão sobre o relatório da Defesa. "Pode ser que no universo tenha ou não tenha vida extraterrestre".
"Então, na verdade, nada foi apontado e se apontado fosse seria averiguado, porque não há ninguém, em nenhuma instituição que tenha mais vontade de melhorar, dar transparência total às urnas eletrônicas que o Tribunal Superior Eleitoral".
Procurado, o Ministério da Defesa não respondeu de imediato a pedido de comentário.
O presidente do TSE reiterou que o relatório dos militares entregue ao tribunal não apresentou qualquer tipo de fraude nas urnas. Segundo ele, em momento algum, os militares colocaram qualquer dúvida em relação às urnas eletrônicas.
"Não foi apontada uma irregularidade, uma inconsistência, nem nenhuma fraude desde a instalação das urnas eletrônicas até hoje", disse ele no evento, referindo-se à adoção do sistema eletrônico de votação desde 1996.
"Os militares, em momento algum, colocaram qualquer dúvida em relação às urnas eletrônicas", acrescentou.
O TSE, que nos últimos meses mediu forças com os militares a respeito da segurança das urnas eletrônicas, emitiu nota oficial logo após a divulgação do relatório da Defesa em que disse ter recebido com satisfação o documento que "não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral", e disse que as sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento serão "oportunamente analisadas".
A possibilidade de que o documento das Forças Armadas apontasse questionamentos ao resultado das eleições era um dos argumentos para protestos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que foi derrotado no segundo turno da disputa pelo Palácio do Planalto por Luiz Inácio Lula da Silva.
(Reportagem de Ricardo Brito, em Brasília)