Dólar cai 2% ante real com ajuste após disparada por temor de descontrole fiscal sob Lula

Publicado em 11/11/2022 10:59

 

 

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía acentuadamente frente ao real nesta sexta-feira, em meio a negociações instáveis, com investidores ajustando posições depois de na véspera a moeda ter disparado ao ritmo mais rápido desde o início da pandemia diante de temores de descontrole fiscal sob o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Às 10:40 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,88%, a 5,2955 reais na venda, após perder 2,29% na mínima do dia, a 5,2730 reais. Apesar da queda, a moeda mostrou alguma instabilidade, e chegou a subir 0,19% mais cedo, a 5,4070 reais.

Na B3, às 10:40 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,05%, a 5,3165 reais.

Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, disse que a queda da moeda norte-americana nesta sessão reflete a falta de liquidez nos mercados devido a feriado nos Estados Unidos pelo Dia dos Veteranos, bem como um "ajuste técnico pontual e natural" depois de o dólar ter saltado 4,09% na véspera, a 5,3968 reais na venda.

Foi a maior disparada percentual diária desde o salto de 4,86% registrado em 16 de março de 2020, em meio ao pânico dos mercados no início da pandemia de Covid-19, e o patamar de encerramento mais alto desde a cotação de 5,54976 reais vista em 22 de julho passado.

"Mas perceba que foi apenas um ajuste", ponderou Bergallo, destacando que o dólar chegou a devolver completamente as perdas neste pregão. "Então acredito que a percepção de ontem ainda esteja reverberando."

O salto do dólar na quinta-feira refletiu amplos temores de descontrole de gasto sob Lula, que planeja uma PEC para acomodar despesas extra-teto em 2023, com possibilidade de retirada permanente do custeio do Bolsa Família das regras fiscais do país.

Agravou o sentimento a fala do presidente eleito na véspera, quando o petista voltou a criticar o mecanismo de teto de gastos e disse que ele deve ser discutido com a mesma seriedade que a questão social do país. Além disso, Lula convidou economistas associados ao PT --e possivelmente inclinados a medidas fiscais heterodoxas, como o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega-- para compor sua equipe de transição.

"Após o discurso de Lula, que questionou a importância da responsabilidade fiscal, o mercado aguarda a definição do texto final da PEC de transição", disse a Guide Investimentos em nota a clientes.

Bergallo, da FB, disse que o desempenho do real neste pregão e na véspera poderia ter sido muito pior não fosse o tombo do dólar no mercado internacional.

O índice que compara a divisa norte-americana a uma cesta de seis pares fortes recuava mais de 1% nesta manhã, depois de na quinta-feira já ter despencado cerca de 2%, ficando a caminho de marcar seu maior declínio em dois dias desde 2009.

Esse movimento foi estimulado por uma leitura de inflação mais fraca do que o esperado para outubro nos Estados Unidos, que alimentou apostas numa moderação do ritmo de aperto monetário do banco central do país, o Federal Reserve.

 

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cerca de 80 países chegam a acordo sobre comércio eletrônico, mas sem apoio dos EUA
Brasil terá bandeira verde para tarifa de energia em agosto, diz Aneel
Wall Street termina em alta com apoio de dados de inflação e ações de tecnologia
Ibovespa avança mais de 1% impulsionado por Vale e quase zera perda na semana; Usiminas desaba
Dólar acumula alta de quase 1% na semana em que real foi pressionado pelo iene
Podcast Foco no Agronegócio | Olho no mercado | Macroeconomia | Julho 2024