Primeiras urnas são fechadas em eleição parlamentar dos EUA que pode complicar governo Biden
Por Nathan Layne e Tim Reid
(Reuters) - As primeiras urnas foram fechadas nas eleições norte-americanas de meio de mandato desta terça-feira que determinarão se os republicanos ganharão o controle do Congresso, o que lhes daria o poder de bloquear grande parte da agenda do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nos próximos dois anos.
Preocupados com a alta inflação e a criminalidade, os eleitores estavam prontos para iniciar uma era de poder dividido em Washington, apesar dos avisos dos democratas sobre a erosão dos direitos ao aborto e o enfraquecimento das normas democráticas em caso de controle republicano do Congresso.
Uma pesquisa da Edison Research mostrou que a inflação e o aborto eram os principais problemas para os eleitores, com três de dez citando um ou outro como sua principal preocupação.
As primeiras urnas foram fechadas às 18h (horário de Brasília) no Kentucky. Os resultados eleitorais ao vivo de todo o país estão aqui.
Trinta e cinco cadeiras do Senado e todas as 435 cadeiras da Câmara dos Deputados estão em disputa. Os republicanos são amplamente favoritos para ganhar as cinco cadeiras de que precisam para controlar a Câmara, enquanto no Senado --atualmente dividido em 50-50, com os democratas detendo o voto de desempate da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris-- a disputa se resume a quatro Estados: Pensilvânia, Nevada, Geórgia e Arizona.
Com a votação em andamento, as autoridades norte-americanas disseram não ver uma "ameaça específica ou credível" para perturbar a infraestrutura eleitoral. Autoridades locais relataram problemas isolados em todo o país: uma ameaça de bomba na Louisiana, uma falta de cédulas no condado de Luzerne, na Pensilvânia, e um site fora do ar em Champaign County, Illinois.
No condado de Maricopa, no Arizona --um campo de batalha decisivo-- as autoridades disseram que estavam no processo de consertar as máquinas de tabulação que não funcionavam e disseram que todo voto seria contado.
O caso alimentou afirmações entre grupos da direita de que as falhas eram deliberadas.
"O povo não vai tolerar isso!!", escreveu o ex-presidente Donald Trump no Truth Social, sua plataforma online, sem oferecer provas de fraude eleitoral.
Especialistas relataram novas teorias de conspiração espalhadas pelo Twitter, dias depois que a empresa demitiu metade de seus funcionários e de o novo proprietário da rede social, Elon Musk, endossar os republicanos.
Biden advertiu que centenas de candidatos republicanos fizeram eco às falsas alegações de Trump de que sua derrota em 2020 para Biden foi devido a uma fraude generalizada.
"Eles negam que a última eleição foi legítima", disse Biden em um programa de rádio dirigido aos eleitores negros. "Eles não têm certeza de que vão aceitar os resultados a menos que ganhem".
Muitos eleitores disseram que estavam motivados a votar pela frustração com a inflação, que, em 8,2%, está na taxa mais alta dos últimos 40 anos.
"A economia está terrível. Eu culpo o atual governo por isso", disse Bethany Hadelman, que disse ter votado nos candidatos republicanos em Alpharetta, Geórgia.
O medo do aumento da criminalidade também foi um fator mesmo em áreas tradicionalmente de esquerda, como Nova York, onde a atual governadora democrata, Kathy Hochul, enfrenta um duro desafio do republicano Lee Zeldin.
"Temos criminosos que repetem constantemente os crimes. Eles vão para a cadeia e saem algumas horas depois ou no dia seguinte", disse John Delsanto, de 35 anos, um assistente jurídico que disse ter votado em Zeldin.
Os resultados em disputas acirradas podem não ser conhecidos durante dias ou mesmo semanas.
Mais de 46 milhões de norte-americanos votaram antes do dia das eleições, seja pelo correio ou pessoalmente, de acordo com dados do Projeto Eleitoral dos EUA, e os funcionários eleitorais estaduais advertem que levará tempo para contar todas essas cédulas. O controle do Senado pode não ser conhecido até um possível segundo turno de 6 de dezembro na Geórgia.
No Congresso, uma Câmara controlada pelo Partido Republicano seria capaz de bloquear projetos de lei que tratam de prioridades dos democratas, como o direito ao aborto e a mudança climática. Os republicanos também poderiam iniciar um confronto sobre o teto da dívida da nação, o que poderia abalar os mercados financeiros, além de lançar investigações sobre a administração e a família de Biden.
(Reportagem de Joseph Ax, Doina Chiacu, Susan Heavey e Gram Slattery, em Washington; Gabriella Borter, em Royal Oak, Michigan; Nathan Layne, em Atlanta; Masha Tsvetkova, em Nova York; e Tim Reid, em Phoenix)