Chefe da ONU pressiona Rússia e Ucrânia a prorrogar acordo de grãos do Mar Negro
Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A Ucrânia exportou 10 milhões de toneladas de grãos e outros alimentos desde que um acordo mediado pela ONU em julho retomou os embarques paralisados pela guerra da Rússia, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta quinta-feira, ao pressionar Rússia e Ucrânia para prorrogar o pacto.
"Apelo a todas as partes para que concentrem esforços em duas áreas. Primeiro, renovação e plena implementação da Iniciativa do Mar Negro. Segundo, remover os obstáculos restantes às exportações de alimentos e fertilizantes russos", disse ele a repórteres.
O acordo pode expirar em 19 de novembro se a Rússia ou a Ucrânia se opuserem à sua extensão. A Rússia suspendeu sua participação por vários dias nesta semana depois de acusar a Ucrânia de usar o pacto como cobertura para atacar navios russos na Crimeia. A Ucrânia não confirmou nem negou estar por trás do ataque.
A Rússia retomou sua cooperação na quarta-feira, mas o presidente Vladimir Putin disse que reservava o direito de Moscou de se retirar novamente. Se a Rússia fizer isso, no entanto, Putin disse que não impediria os embarques de grãos da Ucrânia para a Turquia.
"Nos últimos dias, acredito que o mundo passou a entender e apreciar a importância da Iniciativa de Grãos do Mar Negro", disse Guterres. "Para conter a crise alimentar. Para diminuir os preços e as pressões sobre as pessoas em todo o mundo. Para reduzir os riscos de fome, pobreza e instabilidade."
O acordo de julho também visa facilitar as exportações russas de grãos e fertilizantes. Guterres disse nesta quinta-feira que são necessários esforços conjuntos para abordar urgentemente a crise global do mercado de fertilizantes, pedindo o uso total da capacidade de exportação russa essencial para esse fim.
"Os altos preços dos fertilizantes já estão afetando os agricultores em todo o mundo. Não podemos permitir que os problemas globais de acessibilidade de fertilizantes se transformem em uma escassez global de alimentos", disse ele.
(Reportagem de Michelle Nichols)