Ibovespa ignora protestos nas estradas e fecha 2º pregão seguido em alta
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta pelo segundo pregão seguido nesta terça-feira, com Vale respondendo por suporte relevante, em sessão também marcada por salto de quase 9% nas ações da companhia elétrica paranaense Copel.
Investidores seguiram dando de ombros para a situação dos bloqueios nas estradas do país por manifestantes contrários ao resultado das urnas no domingo passado, apesar dos protestos causarem prejuízos sobre uma série de setores da economia.
O anúncio de que o coordenador da equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva será Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito, agradou o mercado, que passou boa parte do dia aguardando o fim do silêncio de Jair Bolsonaro para reconhecer a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro disse que os bloqueios das estradas são fruto de indignação com o processo eleitoral, mas defendeu direito de ir e vir da população. Ele não reconheceu a vitória de Lula, mas após o pronunciamento o ministro da Casa Civil confirmou conversações com o PT para o início da transição.
Nem a véspera de feriado no Brasil, tampouco a decisão de juros nos Estados Unidos na quarta-feira, quando não haverá negócios na B3 em razão do Dia de Finados, evitaram o fechamento positivo do Ibovespa.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,77%, a 116.928,66 pontos. Na máxima, chegou a 118.261,20 pontos. O volume financeiro somou 36,7 bilhões de reais, novamente acima da média do ano e de outubro.
Na visão do gestor da Kilima Asset Luiz Adriano Martinez, a bolsa paulista refletiu movimentações técnicas, com questões específicas de determinados papéis, como Copel e CSN, além de alguma volatilidade em razão da cena política pós-eleição.
A ação da Vale, segundo Martinez, foi o destaque, mas ele também atribuiu a performance a uma recuperação técnica, além de notícias positivas da China.
Na volta do feriado, no dia 3, agentes financeiros terão uma bateria de resultados trimestrais para avaliar, entre eles os de Petrobras, GPA, Lojas Renner, Multiplan, Alpargatas e Fleury, todos após o fechamento do mercado. Antes da abertura do pregão, Banco Pan reportará seus números.
DESTAQUES
- VALE ON avançou 3,04%, a 69,17 reais, na esteira da alta do minério de ferro na Ásia. Os investidores também ficaram animados com rumores de que a China estaria planejando uma flexibilização das rígidas restrições contra a Covid-19, o que desencadeou uma forte recuperação após a liquidação do mês passado. No setor, CSN MINERAÇÃO ON subiu 7,58% e CSN ON fechou com elevação de 4,64%, tendo ainda no pano de fundo resultado do terceiro trimestre.
- COPEL PNB disparou 8,92%, a 8,06 reais, após o governo do Paraná, seu controlador, comunicar que fará estudos para uma potencial operação no mercado de capitais em que se otimize o investimento do Estado na companhia de energia elétrica. Para analistas do Bradesco BBI, o movimento pode ser interpretado como, pela primeira vez, o Paraná estar olhando possivelmente para uma privatização da Copel, ou pelo menos para a venda de partes da empresa.
- PRIO ON subiu 4,92%, a 37,13 reais, na esteira do resultado do terceiro trimestre, com salto no lucro líquido e receita líquida e Ebitda ajustado recordes. Analistas do Itaú BBA classificaram os resultados como sólidos e reiteraram recomendação "outperform" para as ações, enxergando uma combinação de forte crescimento orgânico e consistente melhoria da eficiência operacional.
- CIELO ON perdeu 7,73%, a 5,49 reais, mesmo após balanço do terceiro trimestre mostrar forte crescimento do lucro, estendendo a recuperação em relação a rivais menores. A ação vem de três altas seguidas, quando se valorizou mais de 10%. Em teleconferência, executivos afirmaram que a Cielo está recuperando margens nos negócios de adquirência e vê chance de estender esse ciclo nos próximos trimestre.
- RD ON cedeu 0,8%, a 26,1 reais, em dia de realização de lucros, após resultado robusto, mas dentro do esperado, com alta de 30% no lucro do terceiro trimestre. Os papéis tinham subido nas últimas três sessões, contabilizando no período uma elevação de 12,15%.
- PETROBRAS PN teve acréscimo de 0,17%, a 29,86 reais. O papel foi ajudado pela alta do preço do petróleo no exterior, após tombo na véspera, quando prevaleceram preocupações sobre a estratégia da companhia após Lula sair vitorioso na disputa presidencial.
- BANCO DO BRASIL ON fechou em alta de 2,38%, a 37,90 reais. A ação experimentou uma trégua após pressão vendedora na véspera, na esteira de receios com potenciais políticas na gestão de Lula. No setor, BRADESCO PN subiu 0,55% e ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,25%.
- SÃO MARTINHO ON subiu 6,64%, a 28,76 reais, com empresas de distribuição de combustível entre as maiores altas, como RAÍZEN PN, que avançou 5,13%, ULTRAPAR ON, que ganhou 4,4%, e VIBRA ON, que se valorizou 4,11%. Pesquisa divulgada na segunda-feira pela reguladora ANP mostrou que o etanol hidratado registrou um avanço semanal nos preços de 2,5%, sendo vendido nas bombas, em média, a 3,63 reais o litro, enquanto o da gasolina comum subiu 0,6%, a 4,91 reais o litro, em média.
- IRB BRASIL ON avançou 6,38%, a 1 real, completando quatro pregões sem quedas, após fechar na última quarta-feira na mínima histórica de 0,86 real. Prejuízos mensais sequênciais registrados pela resseguradora têm preocupado agentes financeiros de que o aumento de capital mais recente, no final de agosto, pode se mostrar insuficiente se a empresa não puder voltar aos trilhos.