Bolsonaro agradece os 58 mi de votos, fala sobre surgimento da direita e repudia manifestações violentas
"Quero começar agradecendo aos 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro", disse o presidente Jair Bolsonaro em seu primeiro pronunciamento desde o resultado das eleições no domingo (30), na tarde desta terça-feira, 1º de novembro, no Palácio da Planalto a jornalistas. Estavam presentes em Brasília os ministros da Ciência e Tecnologia, Educação, Meio Ambiente, Agricultura, Cidadania, Saúde, Relações Exteriores, Trabalho, Casa Civil, Infraestrutura, Economia e Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, entre outros dirigentes de pastas, parlamentares e apoiadores.
Bolsonaro afirmou ainda que as atuais manifestações do povo são fruto de indignação e sentimento de injustiça diante do processo eleitoral e que todas as manifestações pacíficas são bem vindas. "Mas, nossos métodos não podem ser os mesmos da esquerda". O presidente seguiu dizendo que "a direita surgiu de verdade em nosso país" e reafirmou que isso foi visto na formação robusta com membros da direita do Congresso Nacional.
"Formamos diversas lideranças em nosso país, nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Continuamos a favor da ordem e do progresso", complementou o presidente. Disse ainda que ele e sua equipe enfrentaram o sistema, sempre respeitando "as quatro linhas da Constituição Federal", enfrentando as consequências da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia. "Jamais falamos em censura das mídias ou das redes sociais", disse. "Me sinto honrado em ser um líder que defende a liberdade econômica, religiosa e de opinião".
Bolsonaro convocou a imprensa para fazer sua manifestação após quase 48 horas de silêncio. Mais cedo, as informações eram de que o presidente teria convocado os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para expor alguns desequilíbrios - segundo as informações de bastidores - que teria registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Todavia, os magistrados decidiram por não se encontrar com o presidente e ainda discutem uma posição conjunta sobre o atual momento. Uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters afirmou que um dos ministros disse que só iria ao encontro "com convite institucional e uma pauta republicana divulgada".
Já o portal Poder360 afirma que "os ministros ficaram preocupados com a eventual imagem que o encontro poderia ter, de condescendência com o atual presidente".
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O ministro das Comunicações, Fábio Farias, afirmou também que Bolsonaro não irá contestar o resultado das eleições.
Outro destaque nesta terça-feira foi a confirmação de que Bolsonaro já teria dado o aval para o processo de transição dos governos que, do lado de Luis Inácio Lula da Silva (PT), será coordenado por seu vice, Geraldo Alckmin.
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Confira a íntegra da fala do presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira:
"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro.
Os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.
A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores --Deus, pátria, família e liberdade.
Formamos diversas lideranças pelo Brasil, nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso.
Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.
Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais.
Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.
É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, liberdade religiosa, liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde-amarela da nossa bandeira.
Muito obrigado."