Petrobras e Banco do Brasil lideram quedas do Ibovespa após eleição, mas reduzem perdas
SÃO PAULO (Reuters) - Petrobras e Banco do Brasil apresentavam os piores desempenhos do Ibovespa nesta segunda-feira, refletindo percepção de aumento de incertezas sobre as estratégias de ambas após Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sair vitorioso na disputa presidencial.
Por volta de 11h30, Petrobras PN caía 4,51%, a 31,1 reais, e Petrobras ON cedia 3,97%, a 34,36 reais, enquanto Banco do Brasil cedia 2,83%, a 37,72 reais. No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,1%.
Ainda assim, as ações já se distanciavam das mínimas, quando Petrobras PN chegou a cair 8% e BB a recuar quase 6%, dada a percepção de que o resultado não desencadeou reações drásticas de entes políticos, trazendo um relativo alívio generalizado no mercado.
Lula venceu o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno e voltará à Presidência pela terceira vez, impondo uma inédita derrota nas urnas a um ocupante do Palácio do Planalto que buscava um segundo mandato.
No caso de Petrobras, o foco está principalmente em potenciais medidas que afetem os planos de investimento da petrolífera, com reflexos no dividendos - que é um dos fatores que têm apoiado do otimismo recente de analistas com a empresa.
Conforme sinalizações de planejadores de políticas da equipe do petista, o futuro governo de Lula tende a intensificar a presença do Estado no setor de refino de petróleo, com possíveis impactos nos rumos dos preços dos combustíveis da Petrobras.
Lula também prometeu rever o Preço de Paridade de Importação (PPI), de forma que os valores dos combustíveis reflitam "custos nacionais", sem, portanto, acompanhar as oscilações do dólar e do petróleo no mercado internacional.
Para analistas do JPMorgan, as cotações das ações da empresa não refletirão totalmente os fundamentos até que investidores tenham clareza sobre exatamente o que mudará na empresa. "Isso deve levar, em nossa opinião, pelo menos 6 meses."
Nesse contexto, eles cortaram a recomendação das ações da Petrobras para "neutra" e reduziram os preços-alvo, com o da PN passando a 37 reais, de 53 reais anteriormente.
A equipe do BTG Pactual também cita a "falta de visibilidade sobre investimentos (capex) e dividendos" para reiterar sua recomendação "neutra", enquanto reduziu o preço-alvo de 40 para 35,7 reais.
"Investidores provavelmente atribuirão maiores chances de mudanças estratégicas na Petrobras", afirmam os analistas do BTG, citando que as possibilidades são muitas, e a maioria pode desencadear capex mais alto e dividendos mais baixos.
No caso de BB, analistas do Goldman Sachs citaram que pode haver maior incerteza até que haja mais clareza sobre as políticas públicas futuras, mas reiteraram "compra" das ações, que veem com desconto significativo ante pares do setor privado.
(Por Paula Arend Laier)