Autoridades mais agressivas do BCE minimizam mudança na linguagem sobre juros, dizem fontes
Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi e Frank Siebelt
FRANKFURT (Reuters) - Algumas autoridades do Banco Central Europeu (BCE) minimizaram uma mudança na mensagem oficial do BCE sobre as taxas de juros, em que a instituição removeu uma referência a "vários" novos aumentos nos próximos meses, disseram fontes à Reuters.
O BCE elevou sua taxa de depósito novamente nesta quinta-feira e disse que espera aumentá-la "mais", porém alertou que um progresso "substancial" já foi feito em sua tentativa de combater um avanço histórico na inflação.
O banco central também retirou uma referência ao incremento dos juros "ao longo das próximas várias reuniões" que estava em sua declaração de setembro. Operadores entenderam que isso significava que a série de altas de juros iniciada em julho está chegando ao fim.
Alguns formuladores de política monetária que são a favor de taxas de juros mais altas, os "hawks" (falcões, em português), disseram que a mudança na orientação não foi um ponto importante de discussão na reunião e mal notaram isso no comunicado oficial do BCE, segundo quatro fontes, que pediram para não serem identificadas.
Mas as autoridades que defendem taxas de depósito mais baixas, ou "doves" (pombas), afirmaram que a mudança foi uma vitória, pois, de acordo com elas, preparou o terreno para encerrar o ciclo de aperto monetário do BCE em dezembro ou, no mais tardar, em março, acrescentaram as fontes.
Ambos os campos também divergiram em suas visões sobre as perspectivas econômicas. As autoridades mais "dovish" enfatizaram a recente queda nos preços das commodities e especialmente do gás natural, bem como os sinais claros de uma recessão na zona do euro.
Os "hawks", por outro lado, disseram que a inflação não mostra sinais de diminuir e provavelmente será alimentada pelo crescimento dos salários e pelo euro fraco, o que significa que uma desaceleração no ritmo dos movimentos de juros não se justifica.
Um porta-voz do BCE se recusou a comentar. A presidente do banco central, Christine Lagarde, falando em entrevista coletiva nesta quinta-feira, disse que poderia levar várias reuniões antes de os juros chegarem ao pico.