Taxa de desemprego no Brasil cai a 8,7% no 3º tri, menor nível desde 2015
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Brasil encerrou o terceiro trimestre com a menor taxa de desemprego em mais de sete anos, de 8,7%, dando seguimento à recuperação do mercado de trabalho com aumento da ocupação com carteira assinada, embora a informalidade ainda seja marcante.
O dado divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) marcou a menor taxa desde o trimestre fechado em julho de 2015, quanto também foi de 8,7%, ficando em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a taxa estava em 9,3% no segundo trimestre, e em 12,6% no terceiro trimestre de 2021.
“Está em curso a expansão da ocupação no mercado de trabalho, que tem a ver com a flexibilização de regras de restrição da pandemia, com vacinação e melhora da atividade econômica", explicou Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa.
“Vivemos um período de recuperação do mercado de trabalho, mas de forma não uniforme em seus ramos e atividades."
A expectativa é de que o desemprego continue recuando até o final do ano, diante da recuperação econômica e dos efeitos da reabertura após a pandemia.
No entanto, o mercado de trabalho segue marcado fortemente pela informalidade e rendimento ainda fraco, em meio à inflação elevada, embora o número de trabalhadores com carteira siga crescendo.
De acordo com o economista do C6 Bank Felipe Salles, a queda do desemprego é reflexo dos dados positivos da atividade econômica, mas destaca que isso deve mudar a partir do ano que vem, quando o mercado de trabalho começar a sentir os efeitos defasados da desaceleração da economia global e dos juros altos.
"Nossa expectativa é que a taxa de desemprego volte a subir moderadamente, terminando 2023 em 9,2%. Pelas nossas estimativas, a taxa encerra 2022 em 8,1%", disse ele em nota.
RECORDES
No terceiro trimestre o Brasil registrava 9,46 milhões de desempregados, uma queda de 6,2% em relação ao período de abril a junho e de 29,7% sobre o mesmo período do ano anterior, chegando ao menor número de pessoas desocupadas desde o trimestre terminado em dezembro de 2015.
Já o total de ocupados subiu 1,0% no período, a 99,269 milhões, o que representa ainda um avanço de 6,8% em relação ao terceiro trimestre de 2021 e bate novamente o recorde da série histórica, iniciada em 2012.
“A ocupação cresce em ritmos diferentes. Nos últimos trimestres os destaques têm sido comércio e outros serviços, além da administração pública”, disse a coordenadora do IBGE.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado aumentaram 1,3% no terceiro trimestre sobre o segundo, enquanto os que não tinham carteira também cresceram 1,3%, batendo o recorde da série histórica com 13,212 milhões.
“Hoje a formalidade tem um peso importante na ocupação, parte significativa das vagas é aberta com carteira assinada", disse Beringuy.
Por sua vez, o número de empregados no setor público foi recorde da série histórica, chegando a 12,156 milhões, um aumento de 2,5% no trimestre e de 8,9% no ano.
O IBGE informou ainda que o nível da ocupação no terceiro trimestre foi de 57,2%, o mais alto desde o trimestre terminado em outubro de 2015.
A pesquisa apontou ainda que a renda média habitual foi de 2.737 reais no terceiro trimestre, contra 2.640 reais no segundo.
“Esse crescimento da renda real tem a ver com uma inflação menor, mais formalidade e menos informalidade, e também as negociações melhores de empregados com empregadores", disse Beringuy.