Repercussão: BC mantém Selic em 13,75% e reitera intenção de consolidar desinflação e ancorar expectativas
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano nesta quarta-feira, em decisão unânime do Comitê de Política Monetária tomada a poucos dias do segundo turno das eleições presidenciais. Em comunicado, o colegiado disse que a inflação segue elevada e que irá perseverar até que se consolide a desinflação e a ancoragem das expectativas.
MAURÍCIO ORENG, SUPERINTENDENTE DE PESQUISA MACROECONÔMICA, SANTANDER
"A decisão de manter a estratégia intocada reflete naturalmente a contínua confiança do BC em sua avaliação e projeções. O Copom estima que, com a atual dose de aperto monetário, a inflação deve chegar perto da meta central para o segundo trimestre de 2024, que é agora o principal horizonte de política monetária. Vemos o BC lidando com os riscos inflacionários a partir de agora “autonomamente” tornando sua postura monetária mais contracionista ao longo do tempo, ao manter a taxa estável por algum tempo e com suas futuras medidas de política monetária vindo na esteira de queda gradual nas expectativas de inflação. Nosso cenário antecipa que o segundo trimestre de 2023 será o mais restritivo da política monetária em mais de 20 anos."
MARCO CARUSO, ECONOMISTA-CHEFE, BANCO ORIGINAL
"Foram poucas as mudanças frente ao documento anterior. Aquelas que poderiam sugerir “mais juros” tiveram contrapontos compatíveis com “menos juros”, o que torna a nota, na nossa visão, neutra frente ao cenário atual para o caminho do juro básico. O IPCA estimado para o ano fechado de 2023 e 2024 piorou marginalmente; no entanto, as estimativas para seis trimestres à frente –que suaviza os efeitos das desonerações tributárias na inflação e reflete o horizonte relevante das suas decisões– melhoraram, chegando a 3,2%, mais próximo de sua meta. Não vemos motivos para mudar o nosso cenário básico de juros estáveis nesses níveis até meados de 2023."
LEONARDO COSTA, ECONOMISTA, ASA INVESTMENTS
"Teve uma subida na projeção do Banco Central para 2023 e 2024, e não apenas por uma revisão altista nos administrados. Isso sugere que provavelmente pode estar havendo uma revisão para cima na projeção do juro neutro do Banco Central. São revisões bastante modestas. Em geral, um comunicado bastante neutro e bastante em linha com a expectativa, o plano de voo está bem traçado, manutenção da taxa de juros por um tempo prolongado, então vai precisar haver mais desaceleração da inflação para gente começar a falar de ciclo de queda de juros, isso fica apenas para 2023."
VITOR MARTELLO, ECONOMISTA-CHEFE, PARCITAS INVESTIMENTOS
"Acredito que estão usando as projeções mais altas para indicar que ainda não enxergam espaço para cortes de juros tão cedo. Na nossa opinião, caso a surpresa benigna dos núcleos de inflação que vimos no IPCA-15 de outubro vire rotina, provavelmente o Copom se verá na posição de poder cortar a Selic antes do que o Focus imagina, provavelmente em março. Para nós, este é o cenário mais provável, mas defendemos a postura atual do Copom de não embarcar na nossa tese enquanto mais dados não forem coletados, poderia ser prematuro em especial diante da indefinição eleitoral e cenário externo turbulento.
(Redação Brasília)