Reuters: Lula diz que chegou hora de taxar grandes fortunas, mas não vê maioria no Congresso para isso
Por Eduardo Simões
(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira que chegou a hora de taxar as grandes fortunas e os bancos, mas reconheceu que não há maioria no Congresso Nacional para avançar nessas propostas, pois, na visão dele, o Parlamento é composto por uma maioria de pessoas ricas que não querem ter seus recursos taxados.
Em entrevista à rádio Mix, de Manaus, Lula voltou a defender uma política tributária mais progressiva, na qual os que ganham mais pagam mais e os que ganham menos pagam menos, e foi perguntado se está na hora de cobrar impostos sobre grandes fortunas e dos bancos.
"Eu acho que chegou a hora, sempre é a hora", respondeu o petista, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o segundo turno da eleição presidencial no próximo domingo.
"O problema é que você tem uma maioria no Congresso Nacional que não quer. Até porque a maioria dos que estão no Congresso Nacional são pessoas que têm, de certa forma, posses, não são os pobres que estão dentro do Congresso Nacional... A maioria é de pessoas de classe média e classe média-alta, e alguns muito alta e muito ricos, e essa gente não quer taxar seu próprio recurso", disse.
Lula também voltou a defender a taxação sobre lucros e dividendos, atualmente isenta de imposto, e repetiu a promessa de isentar de Imposto de Renda das pessoas que ganham até 5 mil reais mensais.
"Nós precisamos fazer as pessoas entenderem que pagar Imposto de Renda corretamente é fazer justiça neste país. Quem ganha mais, tem que ter a responsabilidade de pagar mais. E quem ganha menos tem que ter o direito de pagar menos. É assim, fácil. E precisamos convencer a sociedade", disse.
Na entrevista à emissora manauara, Lula também se comprometeu com a manutenção da Zona Franca de Manaus e disse que os Estados que mais preservarem a floresta amazônica precisam receber uma compensação.
Ele também defendeu a demarcação de terras indígenas e disse que elas não atrapalham a produção no Brasil.