Ação da BRF chega a desabar mais de 10% com analistas cautelosos sobre resultados e rentabilidade
As ações da BRF chegaram a desabar mais de 10% nesta terça-feira, com relatórios de analistas mais cautelosos com os resultados da companhia, bem como na expectativa sobre a atuação do novo comando da companhia de alimentos.
Às 11:40, os papéis caíam 9,21%, a 12,52 reais, pior desempenho do Ibovespa, que cedia 0,39%. No pior momento, chegaram a 12,32 reais, mínima intradia desde junho. Na véspera a ação já havia recuado 7,7%.
A equipe do JPMorgan cortou o preço-alvo da ação de 16,5 para 15 reais, esperando resultados fracos para o terceiro trimestre, vendo tendências fracas dos preços de alimentos processados no Brasil.
"Nós acreditamos que os negócios no Brasil devem mostrar pouca melhora devido à recuperação econômica instável, mercado superabastecido e preços internos em queda", afirmaram em relatório a clientes.
"Além disso, custos menores de milho não devem ser vistos neste trimestre, eventualmente apenas no final do quarto trimestre", avaliam.
Ao mesmo tempo, calculam que a dinâmica fraca do Brasil não deve ser compensada pelas operações internacionais, uma vez que os melhores preços de exportação para a Ásia devem ser contrabalançados pela normalização das margens no Halal, que estavam mais altas no segundo trimestre.
O JPMorgan estima Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de 1,316 bilhão de reais no terceiro trimestre.
Eles haviam atualizado recentemente a recomendação dos papéis para "neutra", citando que a relação risco/retorno parece interessante.
"Mas a velocidade de recuperação do mercado doméstico é frustrante, levando-nos a adotar estimativas mais conservadoras para o quarto trimestre e para 2023", argumentaram.
Para 2023, agora esperam Ebitda ajustado de 5,486 bilhões de reais, de 6,190 bilhões de reais anteriormente.
Analistas do Citi, por sua vez, cortaram a recomendação de BRF para "neutra/alto risco", bem como o preço-alvo de 29 para 18 reais, preferindo aguardar uma recuperação de rentabilidade após a troca do comando.
No final de agosto, a empresa anunciou que o presidente-executivo da companhia, Lorival Luz, renunciou ao cargo, e a sua substituição por Miguel Gularte, que atuava como CEO da Marfrig Global Foods.
Para a equipe do Citi, a BRF deve trabalhar para restaurar a rentabilidade e reduzir o excesso de estoque.
No mesmo relatório, o Citi elevou Marfrig para "compra", com preço-alvo passando de 26 para 17 reais. A ação subia 1,43%, a 11,35 reais, após avançar quase 5% mais cedo, a 11,74 reais.
Eles observam que a Marfrig controla a BRF em nível de diretoria, mesmo com 33% de participação econômica.
(Por Paula Arend Laier)