Dólar firma alta e supera R$5,35 com cena eleitoral tensa

Publicado em 25/10/2022 10:36

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar firmava alta nesta terça-feira, estendendo seus ganhos depois de na véspera saltar ao ritmo mais acentuado em seis meses e operando acima dos 5,35 reais, à medida que o noticiário eleitoral doméstico ainda tenso elevava a demanda pela segurança da moeda norte-americana.

Às 10:06 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,03%, a 5,3560 reais na venda, abandonando indefinição de mais cedo. A divisa norte-americana estava nas máximas do pregão e rondando os níveis mais altos desde o último dia 13.

O real tinha o pior desempenho entre uma cesta de moedas globais nesta sessão.

Na B3, às 10:06 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,00%, a 5,3600 reais.

Investidores continuavam monitorando a cena política doméstica, depois que a prisão turbulenta de Roberto Jefferson, ex-deputado e apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), desencadeou forte onda de aversão a risco nos mercados brasileiros na segunda-feira.

A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em alta de 2,94%, a 5,3012 reais, maior valorização diária desde 22 de abril (+4,07%) e patamar de encerramento mais alto desde segunda-feira da semana passada (5,3014 reais).

Agravando um cenário eleitoral já tenso, a campanha à reeleição de Bolsonaro afirmou na segunda-feira que rádios do país não têm veiculado adequadamente as inserções eleitorais do atual presidente, supostamente favorecendo o adversário no segundo turno da corrida pelo Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"A situação me parece grave e uma escalada razoável na situação eleitoral", avaliou em nota Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos. "Caso a campanha de Bolsonaro não apresente provas, a medida será vista como tentativa de fraude eleitoral e tentativa de 'bagunçar' e criar ruídos às vésperas da eleição."

Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, também citou incômodo dos mercados com novas críticas de Lula às atuais regras fiscais do país. O petista voltou a se manifestar contra o teto de gastos e também disse que não anunciará sua equipe econômica antes de ganhar o segundo turno da eleição presidencial.

"Cenário eleitoral está pesando aqui hoje", disse Bergallo. "Acredito que o mercado deve operar sem direção única até o final da semana. Principalmente pela agenda, e por conta do cenário externo, mas com a volatilidade acentuada em alguma medida por conta desta derradeira semana antes das eleições."

No exterior, o humor acanhado de investidores respaldava a alta do dólar no mercado doméstico. As ações listadas nas principais bolsas globais alternavam estabilidade e leve queda, enquanto a moeda norte-americana tinha desempenho misto frente a divisas de países emergentes, com agentes financeiros pesando temores sobre a saúde econômica da China contra esperanças de que o Federal Reserve modere seu ritmo de alta de juros.

De volta ao Brasil, investidores aguardavam a conclusão da reunião de política monetária do Banco Central, com expectativa de que a autarquia mantenha a taxa Selic em 13,75% ao ano na quarta-feira. Dados desta terça mostraram que o IPCA-15 teve em outubro alta de 0,16%, acima do esperado, depois de apresentar deflação por dois meses seguidos.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa fecha em alta, mas tem maior perda semanal deste setembro com preocupação fiscal
Dólar termina semana com valor recorde de R$6,0012 no fechamento
S&P 500 e Dow Jones fecham em recordes com  impulso de ações de tecnologia
Vendas de diesel no Brasil batem recorde em outubro, diz ANP
Europeu STOXX 600 avança com ações de tecnologia
Galípolo diz que BC não defende nível de câmbio e só atua em caso de disfuncionalidade
undefined