Reuters: Ação da PF na prisão de Roberto Jefferson provoca racha interno

Publicado em 25/10/2022 07:52

Por Gabriel Stargardter

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A conturbada prisão do ex-deputado Roberto Jefferson provocou um racha dentro da Polícia Federal, em meio à profunda polarização política na reta final da disputa do segundo turno entre o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de acordo com mais de uma dezena de agentes da PF que falaram com a Reuters sob condição de anonimato.

Aliado de Bolsonaro, Jefferson foi detido após várias horas de negociações com agentes que foram até a casa dele no interior do Estado do Rio de Janeiro, no domingo, para cumprir uma decisão que revogava uma prisão domiciliar. Na chegada da PF, o ex-parlamentar lançou granadas de efeito moral e atirou com um fuzil contra os agentes, deixando dois policiais federais feridos.

Alguns policiais ficaram enfurecidos com o fato de que Jefferson parecia ter um arsenal em sua casa, com fuzis automáticos e granadas proibidas, apesar de estar em prisão domiciliar, de acordo com fontes da PF.

A Polícia Federal não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre o assunto.

Bolsonaro facilitou a compra de armas de fogo no país desde que chegou ao poder, com licenças concedidas principalmente aos Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs), que subiram em quase 500% desde 2018.

Em julho, a Reuters revelou que a PF não aprovava as políticas do governo Bolsonaro para armas de fogo, argumentando que elas dificultam a fiscalização no país com o maior número de assassinatos do planeta.

"Como alguém citado em vários processos criminais pode ter autorização para registrar armas, incluindo um fuzil automático?", disse um policial federal. "Qual é a autorização que ele tem para portar granadas?"

Houve também indignação por conta de um vídeo que mostra um policial federal, Vinícius Secundo, rindo e fazendo piadas com Jefferson durante a abordagem, dizendo que os dois policiais feridos eram "burocráticos".

"O que o senhor precisar, a gente vai fazer", disse Secundo a Jefferson, de acordo com o vídeo.

Em uma mensagem enviada a seus colegas e vista pela Reuters, Secundo defendeu suas ações, dizendo que "vestiu um personagem para desacelerar a situação da melhor maneira possível".

Alguns policiais com os quais a Reuters conversou defenderam Secundo, dizendo que pessoas de fora não entendem sobre o gerenciamento de crises feito por policiais.

Mas outros policiais compararam o tratamento dado a Jefferson por Secundo com as ações das forças policiais brasileiras em suas violentas operações nas favelas e periferias pelo país.

"Se isso fosse em uma favela, com um cara pobre ou negro, não aconteceria dessa maneira", disse um policial.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibovespa fecha em alta, mas tem maior perda semanal deste setembro com preocupação fiscal
Dólar termina semana com valor recorde de R$6,0012 no fechamento
S&P 500 e Dow Jones fecham em recordes com  impulso de ações de tecnologia
Vendas de diesel no Brasil batem recorde em outubro, diz ANP
Europeu STOXX 600 avança com ações de tecnologia
Galípolo diz que BC não defende nível de câmbio e só atua em caso de disfuncionalidade
undefined