BC japonês deve manter juros ultrabaixos apesar de tombo do iene
Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - O Banco do Japão deve elevar suas previsões de inflação na sexta-feira, mas manter os juros ultrabaixos, numa demonstração da determinação de apoiar a economia frágil, mesmo ao custo de acelerar uma queda indesejada do iene para novas mínimas de 32 anos.
As autoridades têm lutado para conter a implacável depreciação do iene, conforme investidores se concentram nos juros ultrabaixos do banco central japonês, que o tornam exceção em meio a uma onda global de bancos centrais que estão endurecendo a política monetária para combater a inflação crescente.
Dado o aumento dos preços das commodities e o crescimento nos custos de importação pela queda do iene, a taxa de inflação ao consumidor do Japão atingiu uma máxima de oito anos de 3% em setembro e deve ficar acima da meta de 2% do banco central pelo resto deste ano, dizem analistas.
Mas, com a inflação ainda modesta em comparação com países ocidentais e a recuperação econômica frágil do país, o Banco do Japão deve deixar intacta sua meta de -0,1% para a taxa de juros de curto prazo e manter a meta para o rendimento do título de dez anos em cerca de 0% ao fim de sua reunião de política monetária de dois dias, que termina na sexta-feira.
Alguns participantes do mercado especulam que o banco central japonês pode ajustar sua orientação "dovish", ou pouco rígida na conduta da política monetária, em meio ao crescente descontentamento público sobre o efeito de sua política monetária ultrafrouxa no valor do iene.
Em novas projeções trimestrais a serem divulgadas na sexta-feira, o Banco do Japão deve revisar ligeiramente suas previsões de inflação ao consumidor para o ano que termina em março de 2023 e para o ano seguinte, disseram cinco fontes familiarizadas com o pensamento da instituição.
A previsão atualizada ainda mostrará o núcleo da inflação ao consumidor caindo abaixo da meta de 2% do banco no próximo ano fiscal, à medida que o impacto de fatores pontuais, como aumentos passados nos custos de combustível, se dissipam, disseram as fontes.
O conselho do banco deve cortar suas previsões de crescimento para o ano fiscal atual e os seguintes, à medida que os temores de recessão global obscurecem as perspectivas para a economia dependente de exportações, disseram as fontes.
Em julho, o Banco do Japão previu que o núcleo da inflação ao consumidor atingiria 2,3% no ano fiscal de 2022, antes de desacelerar para 1,4% no ano seguinte. O banco projeta que a economia crescerá 2,4% este ano fiscal e 2% no ano fiscal de 2023.
(Reportagem de Leika Kihara)