Inflação pede "adiantamento" de altas de juros, mas taxa final pode não precisar ser maior, diz Bullard, do Fed

Publicado em 14/10/2022 16:57

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Um relatório de inflação de setembro "mais quente do que o esperado" não significa necessariamente que o banco central dos Estados Unidos precisa aumentar a taxa de juros para níveis mais altos do que as autoridades projetaram em sua reunião mais recente, disse o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, nesta sexta-feira, embora a leitura justifique o "adiantamento" contínuo do ciclo de aperto monetário por meio de ajustes grandes de 0,75 ponto percentual.

Em entrevista à Reuters, Bullard afirmou que os dados do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês) para setembro divulgados nesta semana mostraram que a inflação se tornou "perniciosa" e difícil de deter e, portanto, "faz sentido que ainda estejamos nos movendo rapidamente".

Após um esperado incremento de 0,75 ponto percentual na reunião do Fed de 1 a 2 de novembro, Bullard disse que, embora seja "muito cedo para prejulgar" o que fazer na reunião de dezembro, "se fosse hoje, eu seguiria em frente com" outra alta de 0,75 ponto percentual, que marcaria a quinta consecutiva.

O Fed elevou sua taxa de juros nessa magnitude em suas últimas três reuniões, e mais dois movimentos de 0,75 ponto percentual até o final do ano levariam sua taxa básica de juros para uma faixa de 4,50% a 4,75%, frente a atuais 3,00% a 3,25%.

Mas, no que foram comentários moderados para uma das vozes do Fed mais agressivas contra a inflação, Bullard afirmou que, naquele momento, ele deixaria mais aumentos dependerem de dados.

"Acho que 2023 deve ser um ano dependente de dados. É um risco de dois lados. É muito possível que os dados venham de uma maneira que force o Comitê (Federal de Mercado Aberto) a subir a taxa de juros. Mas também é possível que você obtenha uma boa dinâmica desinflacionária em andamento e, nessa situação, o Comitê poderia manter a taxa básica e deixá-la estável", disse Bullard, um dia após o relatório do CPI de setembro mostrar que a inflação continuou acima de 8%.

A possibilidade de um quinto ajuste maior que o normal em dezembro é "um pouco mais de adiantamento do que eu disse no passado", afirmou Bullard.

Fonte: Reuters

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