Dólar modera ganhos após superar R$5,38; inflação dos EUA segue em foco

Publicado em 13/10/2022 12:21

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar perdeu fôlego depois de chegar a saltar mais de 2% nesta quinta-feira, acima de 5,38 reais, mas continuava em território positivo na esteira de uma leitura de inflação norte-americana mais alta do que o esperado, que pode forçar o Federal Reserve a intensificar o ritmo de seu já agressivo aperto monetário.

Às 11:56 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,24%, a 5,2848 reais na venda, desacelerando os ganhos depois de saltar 2,08% no pico do dia, a 5,3820 reais, nível que não era visto há quase duas semanas, em reação inicial aos dados dos Estados Unidos.

Na B3, às 11:56 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,17%, a 5,3060 reais.

O arrefecimento dos ganhos do dólar no mercado local acompanhou a reversão da alta de um índice que mede a moeda norte-americana contra uma cesta de seis pares fortes, que passou a rondar a estabilidade no final da manhã, depois de mais cedo chegar a avançar mais de 0,6%.

Várias divisas arriscadas a cujo movimento o real é sensível também moderaram suas perdas no dia, com rand sul-africano, dólar australiano e peso chileno cedendo de 0,5% a 0,9%, depois de caírem mais de 1% na esteira dos dados de inflação dos EUA.

Investidores do mundo inteiro encontravam algum conforto em notícias de que o governo britânico estaria considerando mudar seus planos de cortes de impostos, que desencadearam ondas de estresse no mercado de títulos do Reino Unido a partir do final de setembro, contaminando o apetite por risco em outras praças globais.

No entanto, a inflação continuava sendo motivo de cautela, depois que o índice de preços ao consumidor norte-americano subiu 0,4% no mês passado, acelerando a alta depois de avançar 0,1% em agosto, disse o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos nesta quinta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,2%.

A surpresa para cima reforçou as expectativas de que o Federal Reserve adotará uma quarta alta consecutiva de 0,75 ponto percentual nos juros em sua reunião do próximo mês, e surgiu a possibilidade --antes desconsiderada-- de o banco central promover ajuste ainda mais agressivo, de 1 ponto completo.

Operadores turbinaram as apostas de que Fed acabará elevando sua taxa básica para uma faixa de 4,75% a 5% até março do próximo ano, conforme enfrenta uma inflação muito mais persistente do que o esperado inicialmente.

Arthur Mota, da equipe de estratégia e macro do BTG Pactual, disse em publicação no Twitter que os dados desta quinta-feira não oferecem qualquer sinal de que a inflação norte-americana atingiu seu pico sob medidas avaliadas com mais cuidado pelo mercado, como o núcleo, que exclui os preços de componentes voláteis.

"Não há espaço para 'pivot dovish'", disse ele, referindo-se à possibilidade de o Federal Reserve abrandar o seu posicionamento de política monetária, que chegou a ser considerada por parte dos mercados mais cedo neste mês.

Quanto mais agressivo é o Fed no aumento dos juros, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, conforme investidores redirecionam capital para o mercado de renda fixa dos EUA. Além disso, o aperto rígido do banco central tem levantado temores de recessão, o que vem elevando a demanda pela segurança da divisa norte-americana.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cerca de 80 países chegam a acordo sobre comércio eletrônico, mas sem apoio dos EUA
Brasil terá bandeira verde para tarifa de energia em agosto, diz Aneel
Wall Street termina em alta com apoio de dados de inflação e ações de tecnologia
Ibovespa avança mais de 1% impulsionado por Vale e quase zera perda na semana; Usiminas desaba
Dólar acumula alta de quase 1% na semana em que real foi pressionado pelo iene
Podcast Foco no Agronegócio | Olho no mercado | Macroeconomia | Julho 2024