Dólar cai mais de 1%, vai abaixo de R$5,15 e fecha semana no vermelho com apetite global por risco

Publicado em 09/09/2022 17:21

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em queda de mais de 1% ante o real nesta sexta-feira, pressionado por melhora no apetite por risco internacional e alta nos preços de commodities importantes, num movimento que ajudou a moeda brasileira a encerrar a semana com ganhos, apesar do rali registrado pelo dólar na véspera do feriado de 7 de Setembro.

A moeda norte-americana à vista caiu 1,16%, a 5,1462 reais, acumulando baixa de 0,78% em relação ao fechamento da última sexta-feira, com as perdas das últimas duas sessões (incluindo esta) e de segunda-feira compensando o salto de 1,67% visto na terça. Não houve negociações nos mercados brasileiros na quarta devido ao Bicentenário da Independência.

A divisa norte-americana terminou este pregão no menor valor desde 30 de agosto (5,1120 reais) e teve a maior queda percentual diária desde 23 de agosto (-1,26%).

Na B3, às 17:10 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,32%, a 5,1775 reais.

As negociações locais foram influenciadas pelo ambiente internacional ameno, com o dólar perdendo força de maneira generalizada --seu índice frente a pares fortes caía 0,5% nesta tarde-- e as ações ganhando amplo terreno [.NPT] [.EUPT].

Por trás desse movimento, "destaco a China", disse à Reuters Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, citando desaceleração em dados de inflação da segunda maior economia do mundo, divulgados na noite de quinta (horário de Brasília).

Com o arrefecimento nas pressões de preços, "foram abertas possibilidades para que a China injete mais dinheiro na economia para fomentar o crescimento", avaliou Serra.

"Essa expectativa de maior crescimento chinês, em parte por esses estímulos, acaba favorecendo investimentos em ativos de risco", como moedas de países emergentes, cesta que inclui o real, acrescentou ele.

Os preços de produtos como minério de ferro e petróleo, expostos à segunda maior economia do mundo, dispararam nesta sexta-feira. Várias moedas sensíveis às commodities --como peso colombiano, rand sul-africano e dólar australiano, importantes pares do real-- tiveram ganhos acentuados no dia.

Serra também atribuiu parte do apetite por risco internacional a "movimento corretivo" na esteira de falas mais duras de autoridades do banco central norte-americano, o Federal Reserve, que reforçou nesta semana seu compromisso com o combate à inflação, alimentando apostas em um terceiro aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual nos juros pela instituição.

O Fed está prestes a entrar em período de silêncio antes de sua reunião de política monetária de 20 e 21 de setembro, e na próxima semana serão divulgados dados da inflação norte-americana que podem lançar luz sobre os passos seguintes do banco central dos EUA, disseram participantes do mercado.

Qualquer surpresa para cima nos preços ao consumidor poderá beneficiar o dólar, que recentemente foi a máximas em 20 anos no exterior.

O Santander disse em revisão de cenário nesta sexta-feira que uma piora nas condições financeiras globais e incertezas quanto ao futuro da política econômica brasileira deverão elevar o piso da flutuação recente do dólar, que tem ficado numa faixa entre 5,00 e pouco mais de 5,50 reais desde meados de julho. Mesmo assim, o banco manteve projeção de que a taxa de câmbio encerrará este ano em 5,30 por dólar.

Enquanto isso, o IBGE informou pela manhã que o IPCA registrou queda de 0,36% em agosto, que levou o índice acumulado em 12 meses abaixo dos dois dígitos pela primeira vez em um ano.

Alguns participantes do mercado comemoraram o melhor resultado para agosto desde 1998, mas outros se mostraram insatisfeitos com um qualitativo não muito bom, já que houve alta na difusão da inflação.

(Edição de José de Castro)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Wall Street fecha em alta, enquanto Dow Jones e S&P 500 atingem picos em uma semana
Ibovespa fecha em queda com ceticismo do mercado sobre pacote fiscal
Putin diz que a guerra na Ucrânia está se tornando global
Dólar fecha em alta de 0,76% em meio à escalada do conflito Rússia-Ucrânia
Taxas futuras de juros caem em dia de movimentos técnicos no Brasil e alta de yields no exterior
Bolsonaro diz que "começa a luta" na PGR após ser indiciado por golpe de Estado
undefined