"Dor" de política monetária apertada e crescimento lento é necessária para vencer inflação, diz Powell

Publicado em 26/08/2022 11:33

Os Estados Unidos precisarão de uma política monetária apertada "por algum tempo" antes que a inflação fique sob controle, fato que significa crescimento mais lento, mercado de trabalho mais fraco e "alguma dor" para famílias e empresas, disse o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em comentários alertando que não há cura rápida para os preços em rápida ascensão.

"Reduzir a inflação provavelmente exigirá um período sustentado de crescimento abaixo da tendência. Além disso, muito provavelmente haverá algum abrandamento das condições do mercado de trabalho. Embora as taxas de juros mais altas, o crescimento mais lento e as condições mais brandas do mercado de trabalho reduzam a inflação, também trarão alguns problemas para famílias e empresas", disse Powell em comentários preparados para a conferência de bancos centrais de Jackson Hole, em Wyoming.

"Esses são os custos infelizes de reduzir a inflação. Mas falhar em restaurar a estabilidade de preços significaria uma dor muito maior."

À medida que essa dor aumenta, disse Powell, as pessoas não devem esperar que o Fed recue rapidamente até que o problema da inflação esteja resolvido. Alguns investidores antecipam que o Fed mudará seu curso se o desemprego aumentar muito rápido, com alguns até projetando cortes de juros no ano que vem, uma perspectiva que as autoridades têm contestado nas últimas semanas.

Pelo contrário, alguns formuladores de política monetária indicaram que mesmo uma recessão não os dissuadiria de continuar o aperto caso os preços não voltem de forma convincente à meta de 2% do Fed. Powell não deu qualquer indicação nesta sexta-feira de até onde podem subir os juros, apenas disse o Fed fará o que for necessário.

"O histórico adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária", disse Powell. "Devemos continuar até que o trabalho seja feito. A história mostra que os custos para o emprego de reduzir a inflação costumam aumentar quando há atraso."

Powell não deu pistas sobre o que o Fed pode fazer em sua próxima reunião, em setembro. As autoridades devem adotar aumento de juro de 0,50 ou 0,75 ponto percentual.

Dados recentes mostraram algum declínio na inflação, com o índice de preços PCE --observado de perto pelo Fed-- desacelerando a alta em julho para 6,3% na base anual, de 6,8% em junho.

Mas "a melhora de um único mês fica muito aquém do que o Comitê (Federal de Mercado Aberto, Fomc) precisará ver antes de estarmos confiantes de que a inflação está caindo", disse Powell.

A decisão de quanto aumentar os juros "vai depender da totalidade dos dados recebidos e da evolução das perspectivas", disse Powell, com mais relatórios de emprego e inflação por vir.

Em aparições anteriores em Jackson Hole, as observações de Powell se inclinaram mais para discussões de alto nível sobre estratégias e análises do Fed.

Ele reconheceu isso em seu discurso de abertura. Mas, com o Fed tentando manter os mercados e o público em geral informados sobre o que está por vir, ele disse que a intensidade do momento exige uma abordagem mais fundamentada.

"Hoje, meus comentários serão mais curtos, meu foco mais estreito e minha mensagem mais direta", afirmou Powell.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dívida pública federal sobe 2,25% em junho, para R$7,068 tri, diz Tesouro
Ações europeias fecham em baixa antes de decisão do Fed e de balanços
Ibovespa recua na abertura de semana com decisões de BCs e balanços
Wall St abre em alta antes de decisão do Fed e balanços de grandes empresas de tecnologia
Ibovespa abre sem viés claro em semana com decisões de BC e balanços
Dólar tem queda leve antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA