Bolsonaro vai ao JN para sair de bolha, mas atento a "armadilhas", dizem fontes

Publicado em 22/08/2022 18:11

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) quer defender os feitos do seu governo e falar para fora da "bolha" bolsonarista durante a entrevista que fará nesta segunda-feira à noite ao Jornal Nacional, segundo duas fontes da campanha, acrescentando que houve um trabalho para tentar evitar que caia em armadilhas.

"É o evento mais importante da campanha desta semana", resumiu um das fontes, sobre a expectativa que o QG de campanha tem em relação ao programa.

Bolsonaro não quis fazer um media training --treinamento em que um entrevistado passa por uma sabatina prévia-- para que não ele não perdesse a espontaneidade e a intuição na hora de falar, disse a outra fonte. Ainda assim, nas últimas semanas ele conversou com ministros, assessores e pessoas próximas sobre quais linhas deve adotar no JN, da TV Globo.

O programa jornalístico tem uma das maiores audiências na TV aberta do Brasil, mas a TV Globo é alvo de constantes e contundentes críticas do presidente, que já chegou, inclusive, a cogitar não renovar a concessão pública da emissora.

O trabalho que tem sido feito é para que o candidato à reeleição defenda na entrevista as ações do governo e que teria sido, na avaliação das fontes da campanha, noticiada de forma tendenciosa pela emissora.

Dois filhos do presidente usaram pela manhã as redes sociais para dar o tom da ida de Bolsonaro ao JN. Tanto o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores da campanha à reeleição dele, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), disseram que o pai vai mostrar o que a emissora procurou esconder nos últimos anos.

A segunda fonte da campanha admite que há uma grande chance de ter um conflito de Bolsonaro com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos. Em 2018, houve uma série de atritos envolvendo o presidente.

Essa fonte disse que recomendaram a Bolsonaro tentar buscar um tom moderado, falar com o eleitorado mais amplo e evitar novos embates com os apresentadores.

O presidente também deverá enfocar na comparação da gestão dele e a dos petistas, com o intuito de reduzir a vantagem registrada nas pesquisas de intenção de voto em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conforme as fontes.

O presidente também foi "brifado" para tentar fugir de armadilhas, como criticar as urnas eletrônicas e não cair em provocações sobre uma eventual fala da gripezinha --nome a que ele se referiu à Covid-19 em março de 2020, conforme a primeira fonte. Ela avalia que, de maneira geral, Bolsonaro se sai bem em entrevistas, mas há uma preocupação com o formato da sabatina --serão 40 minutos de entrevista sem intervalo na abertura do jornal televisivo.

Bolsonaro vai estrear a série de entrevistas do Jornal Nacional com os principais candidatos ao Palácio do Planalto e ainda não confirmou se participará de outras entrevistas durante a campanha, afirmaram as fontes.

Fonte: Reuters

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