Após vaivém, dólar fica perto da estabilidade apesar de rali externo da moeda

Publicado em 22/08/2022 17:25

O dólar fechou em torno da estabilidade nesta segunda-feira, depois de subir na primeira metade da sessão e cair na segunda, com taxas acima de 5,20 reais atraindo vendas conforme a moeda perdeu fôlego contra divisas de commodities em meio a uma tentativa de recuperação das matérias-primas.

Analistas destacaram a força do dólar nesta sessão sobretudo em relação a divisas do G10, com o euro de volta abaixo da paridade. A moeda única europeia responde por cerca de 57% da cesta do índice DXY, e sua queda de 1% automaticamente empurrou o índice do dólar para cima.

O bloco de moedas emergentes, por outro lado, beneficia-se em parte de preços mais altos de commodities --que nos países desenvolvidos se traduz em mais inflação-- e de taxas mais altas de juros, que funcionam como um amortecedor a pressões cambiais.

O petróleo Brent, referência global, fechou em baixa de apenas 0,25%, após despencar 4,5% na mínima do pregão.

O gestor de um fundo em São Paulo chamou atenção para entradas de recursos estrangeiros. Mais recentemente é a conta financeira --pela qual passam empréstimos externos, remessas de lucros e dividendos e investimentos em portfólio-- que tem sustentado o fluxo cambial no azul.

O dólar à vista terminou com variação negativa de 0,09%, a 5,164 reais, depois de variar entre 5,2053 reais (+0,71%) e 5,1505 reais (-0,35%).

Peso mexicano, lira turca, peso chileno e rand sul-africano, no entanto, operavam entre estabilidade e alta de 0,5%, também recuperando-se de perdas de mais cedo.

Já o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- subia 0,73%, a 108,940.

O Bradesco nota em relatório que a cautela predomina nos mercados por causa do simpósio de Jackson Hole, que reunirá nesta semana diversos economistas, políticos, empresários e autoridades monetárias de outros países.

Os holofotes se voltam para as participações de dirigentes do Fed, especialmente do chair, Jerome Powell, que poderá trazer mais detalhes sobre a estratégia de condução da política monetária norte-americana nos próximos meses.

Outro ponto de atenção é a China, que voltou a cortar taxas de juros. Estudo do Goldman Sachs mostra que o real é a moeda mais sensível a quedas nas expectativas para o crescimento econômico chinês e nos preços das commodities. A moeda brasileira está ainda entre as mais vulneráveis à queda do euro para 0,95 dólar e a um cenário de Fed duro no combate à inflação.

Ainda que o real tenha escapado de uma depreciação neste começo de semana, algumas medidas de risco no câmbio seguem emitindo sinal amarelo.

A volatilidade implícita em opções de taxa de câmbio para três meses --que inclui outubro, mês das eleições-- bateu novo pico em mais de dois anos nesta segunda-feira. E a expectativa de desvalorização da moeda voltou a impactar as taxas de FRA de cupom cambial na B3 --uma taxa de juros em dólar--, que caíram mesmo com a relativa estabilidade das cotações na sessão.

Fonte: Reuters

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