Moscou diz que Ucrânia "faz Europa de refém" ao bombardear usina nuclear
MOSCOU (Reuters) - A Rússia acusou Kiev nesta segunda-feira de tentar "fazer a Europa de refém" ao bombardear a usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia.
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que gostaria que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) visitasse a usina, maior instalação nuclear da Europa, mas que Kiev estava bloqueando uma possível visita.
"Eles estão fazendo toda a Europa de refém e não são contra incendiá-la por causa de seus ídolos nazistas", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova.
A Rússia tem dito há meses que sua campanha militar na Ucrânia visa "desnazificar" a Ucrânia --alegações rejeitadas por Kiev e líderes ocidentais que veem as ações de Moscou como uma tentativa de derrubar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e tomar partes do território leste e sul da Ucrânia.
A usina nuclear de Zaporizhzhia se tornou o mais recente ponto de atrito no conflito de meses, com a Rússia e a Ucrânia se acusando mutuamente de bombardear a usina nos últimos dias.
A usina está em território controlado pela Rússia, mas é operada por funcionários ucranianos.
Moscou diz que fez todo o possível para facilitar a visita da AIEA à usina nuclear, mas que Kiev considerou "benéfico manter a AIEA afastada".
Zakharova, combativa porta-voz oficial da política externa de Moscou, também atacou a comunidade internacional por se recusar a criticar Kiev pelos ataques.
"Os líderes das Nações Unidas e da AIEA, repetidamente, não se atrevem a nomear diretamente a fonte da ameaça. Eles estão demonstrando sua relutância em apontar o dedo para Kiev", disse ela.
A Ucrânia pediu a criação de uma área desmilitarizada ao redor da usina nuclear, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que os ataques contra instalações nucleares são uma "coisa suicida".