Criação de vagas de trabalho nos EUA deve ter desacelerado em julho, mas longe de níveis da recessão
A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos provavelmente desacelerou em julho, mas o ritmo ainda deve ter sido forte o suficiente para manter a taxa de desemprego em 3,6% por um quinto mês consecutivo, oferecendo a evidência mais forte até agora de que a economia não estava em recessão.
O relatório de emprego do Departamento do Trabalho, a ser divulgado nesta sexta-feira, deve pintar um quadro de uma economia que segue em frente, apesar de dois trimestres de contração do Produto Interno Bruto. Embora a demanda por mão de obra tenha diminuído em setores como habitação e varejo, que são sensíveis à taxa de juros mais alta, setores como aéreo e restaurantes não conseguem encontrar trabalhadores suficientes.
"(O mercado de trabalho) continua bastante saudável e não atende à definição ampla da Agência Nacional de Pesquisa Econômica de uma contração na economia", disse Sung Won Sohn, professor de finanças e economia da Universidade Loyola Marymount em Los Angeles.
A agência, árbitro oficial das recessões nos Estados Unidos, define uma recessão como "um declínio significativo da atividade econômica espalhada pela economia, durando mais de alguns meses, normalmente visível na produção, emprego, renda real, e outros indicadores".
Ainda assim, dados governamentais da semana passada mostrando um segundo trimestre consecutivo de PIB negativo - que atende a uma definição popular de recessão - têm alimentado um amplo debate sobre se a economia dos Estados Unidos está de fato em recessão.
De acordo com uma pesquisa da Reuters com economistas, a economia dos EUA deve ter criado 250.000 vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passado, depois de 372.000 em junho. Isso marcaria o 19º mês consecutivo de abertura de vagas, mas seria a menor quantidade nesse período e abaixo da média semestral de 457.000 postos de trabalho. As estimativas variavam de 75.000 a 325.000 vagas.
A desaceleração da criação de postos de trabalho poderia aliviar a pressão sobre o Federal Reserve para que adote um terceiro aumento de 0,75 ponto percentual na taxa de juros em sua próxima reunião em setembro, embora muito dependa da inflação e das leituras de emprego no período que antecede esse encontro.
Na semana passada o banco central dos EUA aumentou sua taxa de juros em 0,75 ponto e as autoridades prometeram mais altas, conforme o Fed tenta controlar a inflação em máximas de quatro décadas. Desde março, o Fed elevou os juros de quase zero para sua faixa atual de 2,25% a 2,50%.