Ibovespa avança e fecha acima de 100 mil pontos com incentivo externo

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa avançou 2% nesta quinta-feira, embalado pelo clima positivo em mercados acionários no exterior, bem como na alta de preços de commodities como o minério de ferro e o petróleo. Vale e Petrobras subiram quase 3% cada.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou com acréscimo de 2,04%, a 100.729,72 pontos, maior patamar de fechamento desde 27 de junho. O volume financeiro somou 23,6 bilhões de reais.

Em Wall Street, o S&P 500 subiu 1,5%, buscando uma recuperação após registrar sua maior queda percentual em um primeiro semestre desde 1970, na esteira de preocupações com o risco de recessão nos Estados Unidos e no mundo.

"Na ausência de más noticias, alguns investidores começaram a buscar algumas pechinchas ou comprar ativos a preços que podem considerar interessante", avaliou o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves.

Esse incentivo externo endossou compras, em um momento no qual incertezas globais e riscos fiscais no Brasil mantêm agentes melindrados, mas o nível de preços de alguns papéis após quedas relevantes nos últimos meses desencoraja vendas.

Para o analista da Clear Corretora Leandro De Checchi, a movimentação do Ibovespa não surpreende após a queda forte desde abril, uma vez que ele está, na média, descontado com seu múltiplo de lucro (P/L) próximo às mínimas históricas.

Ainda assim, preocupações com o ritmo da economia global e particularmente norte-americana continuam, o que direcionará os holofotes na sexta-feira para dados de emprego nos EUA, incluindo criação de vagas e salários.

"A saúde do mercado de trabalho norte-americano é um indicador extremamente relevante, eu diria que é o mais importante da semana", acrescentou Alves.

No Brasil, é a divulgação do IPCA do mês passado que estará no radar na sexta-feira, assim como um possível desfecho da análise da PEC dos Benefícios na Câmara dos Deputados.

DESTAQUES

- VALE ON fechou em alta de 2,91%, com ações de mineradoras e siderúrgicas avançando com os ganhos dos futuros do minério de ferro na Ásia. No setor, GERDAU PN valorizou-se 5,76%, USIMINAS PNA encerrou com elevação de 2,31% e CSN ON subiu 5,29%.

- PETROBRAS PN avançou 2,93%, acompanhando a recuperação dos preços do petróleo, com o barril do Brent fechando em alta de 3,9%. No setor, PETRORIO ON e 3R PETROLEUM ON subiram 1,58% e 0,63%, respectivamente.

- MRV ON subiu 6,42%, tendo de pano de fundo expectativas de mudanças no programa habitacional Casa Verde Amarela. Após o fechamento, o secretário Nacional de Habitação do Ministério do Desenvolvimento Regional, Alfredo Santos, anunciou medidas para destravar o programa em meio ao avanço da inflação, incluindo aumento do teto de renda das famílias candidatas ao programa de 7 mil para 8 mil reais. Reduções de juros de financiamentos também foram aprovadas, mas vigentes apenas até o final deste ano. No setor, TENDA ON saltou 11,69%, Plano&Plano ON valorizou-se 6,37% e DIRECIONAL ON ganhou 4,43%. As três ações não fazem parte do Ibovespa.

- SLC AGRÍCOLA ON subiu 4,46%, após divulgar atualizações de suas projeções de safra , acrescentando que a soja é a única cultura com colheita finalizada na safra 2021/2022, atingindo 3.994 quilos por hectare, 6,1% acima do previsto.

- JBS ON caiu 1,22%, seguida pela rival MARFRIG ON, com declínio de 1,12%, entre as poucas quedas do Ibovespa nesta sessão, marcada por desempenho misto de papéis de empresas de proteínas. MINERVA ON avançou 2,12% e BRF ON subiu 0,13%.

(Edição Alberto Alerigi Jr. e André Romani)