Dólar tem pouca alteração ante real em dia de liquidez reduzida; PEC dos Auxílios segue em foco
O dólar tinha oscilações tímidas contra o real nesta segunda-feira, sessão de liquidez reduzida devido a feriado nos Estados Unidos, enquanto investidores ainda mostravam alguma cautela diante da tramitação no Congresso de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê gastos extraordinários com medidas de auxílio social.
Às 9:58 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,03%, a 5,3199 reais na venda.
Na B3, às 9:58 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,21%, a 5,3610 reais.
"A gente tem hoje um dia atípico, uma liquidez global muito reduzida por conta do feriado nos Estados Unidos. Acho que a movimentação vai ser tímida", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Ele notou a ligeira queda do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes nesta manhã como possível fator de apoio para o real, mas disse que qualquer movimento de recuperação da moeda brasileira nesta segunda-feira deve ser limitado por incertezas domésticas.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), se reúne com líderes nesta segunda-feira para definir o rito de tramitação da PEC dos Auxílios, que foi aprovada com folga na semana passada pelo Senado.
Além de reconhecer um estado de emergência para criar um "voucher caminhoneiro" e de ampliar o Auxílio Brasil e o Auxílio Gás, a PEC --chamada por alguns participantes do mercado como "PEC das bondades" ou "PEC kamikaze"-- foi complementada para incluir a concessão de um benefício destinado a taxistas e ainda um crédito suplementar a programa alimentar.
"O resultado é mais uma medida que fragiliza o teto do gasto público e, consequentemente, aumento do risco fiscal do país. Com o aumento do risco fiscal, a tendência de valorização da taxa de câmbio que começou no início de 2022 se reverteu", disseram em nota analistas da Genial Investimentos.
O dólar à vista fechou a última sessão, na sexta-feira, em 5,3215 reais na venda, cotação mais alta para um encerramento desde 4 de fevereiro (5,3249 reais). Embora ainda caia 4,5% no acumulado de 2022, a moeda saltou quase 10% no segundo trimestre, e marcou em junho seu melhor desempenho mensal frente ao real desde março de 2020, quando os mercados sentiram o choque inicial da pandemia de Covid-19.
Esse rali recente refletiu, além do noticiário local, temores generalizados sobre possibilidade de recessão nas principais economias.
O nervosismo de investidores sobre a atividade global ganhou força desde que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, endureceu sua postura de política monetária e subiu os juros no ritmo mais acentuado em quase 30 anos no mês passado, em 0,75 ponto percentual.
Taxas de empréstimo mais altas nos EUA tendem a frear os gastos das famílias e das empresas. Além disso, costumam aumentar a atratividade da dívida soberana dos Estados Unidos, o que geralmente eleva a demanda por dólares.
O Banco Central fará neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022.