Atividade da indústria brasileira termina 2º tri com aumento de vendas e emprego, mostra PMI
Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A atividade da indústria brasileira fechou o segundo trimestre com força e mantendo o ritmo de crescimento em junho, com aumento das vendas, da produção e do emprego, embora a confiança tenha arrefecido, mostrou nesta sexta-feira o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da S&P Global.
O PMI da indústria ficou em 54,1 em junho, pouco alterado em relação à leitura de 54,2 em maio, sinalizando a continuidade da recuperação do setor ao permanecer acima da marca de 50 que separa crescimento de contração.
A S&P Global destacou ainda que o resultado arremata um segundo trimestre de desempenho forte, com o PMI ficando em média nesse período em 53,4 --patamar mais alto desde o terceiro trimestre de 2021--, de 49,9 nos três primeiros meses deste ano.
"O setor industrial teve bom desempenho em junho, permanecendo resiliente diante de numerosos desafios como inflação alta, aumentos agressivos dos juros, crise do custo de vida, gargalos da cadeia de oferta e a guerra na Ucrânia", destacou a diretora associada de economia da S&P Markit, Pollyanna De Lima.
O mês de junho marcou a quarta alta mensal na entrada de novos negócios em meio à melhora das condições de demanda interna. Entretanto, o aumento dos novos negócios desacelerou em relação a maio, contido pela demanda global mais fraca e pelas pressões inflacionárias.
De fato, as restrições de gastos entre clientes estrangeiros e os aumentos de preços provocaram nova queda nas novas encomendas de exportação, a quarta seguida, embora no ritmo mais fraco desde março.
Mas com a força da demanda centrada no mercado doméstico, os empresários do setor industrial continuaram a contratar funcionários em junho, pelo quarto mês seguido e no ritmo mais forte desde outubro.
Assim, a combinação de aumento das novas encomendas nacionais e da capacidade sustentou nova expansão da produção.
Isso mesmo com os produtores indicando mais pressões dos custos, derivados de volatilidade dos preços de energia, restrições de exportação, escassez global de insumos, força do dólar e guerra na Ucrânia, listou a S&P Global.
Ainda que tenha desacelerado em relação a maio, a taxa de inflação de insumos permaneceu elevada em junho, com quase metade das empresas consultadas afirmando que pagou mais.
Os custos adicionais foram transferidos aos clientes em junho, já que as empresas buscaram proteger suas margens, e a inflação dos preços cobrados foi a uma máxima de três meses.
Ainda que os empresários do setor industrial tenham permanecido confiantes sobre um aumento da produção ao longo dos próximos 12 meses, o sentimento geral atingiu uma mínima de três meses em junho, devido às preocupações com a inflação e a taxa de juros elevada.
"De certa forma, as fortes pressões de preços e aumento da taxa de juros afetaram a confiança empresarial, uma vez que as empresas avaliaram seus impactos negativos sobre o consumo e o investimento", disse De Lima.
"Ainda assim, os produtores esperam que o ambiente favorável da demanda doméstica seja sustentado, o que, aliado aos esforços de expansão da capacidade, avanços tecnológicos, ganhos de eficiência e novos produtos, deve sustentar o crescimento da produção no ano à frente", completou.