Ibovespa fecha em queda com apreensão sobre recessão global; Vale cai mais de 3%
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuou nesta quinta-feira, chegando a ir abaixo dos 98 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2020, pressionado sobretudo pela ação da Vale, que caiu mais de 3%.
Apesar da reação dos preços do minério de ferro, temores de recessão global seguiram minando perspectivas para commodities e a bolsa paulista, também enfraquecida por riscos domésticos.
Índice de referência no mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,45%, a 98.080,34 pontos. Na mínima, chegou a 97.775,07 pontos, menor nível intradia desde 4 de novembro de 2020. O giro financeiro somou 24,8 bilhões de reais.
Os negócios na B3 voltaram a se descolar de Wall Street, com o S&P 500 subindo 0,95%, em sessão com dados mostrando queda nos pedidos semanais de auxílio-desemprego, mas forte desaceleração na atividade empresarial dos EUA em junho.
"O que continuará mandando na nossa bolsa será o movimento das commodities, que continuam muito voláteis", disse o sócio e diretor da mesa proprietária Axia Investing, Caio Kanaan Eboli.
Um dia após atingirem mínima em 16 semanas, os futuros de minério de ferro fecharam em alta na China, com promessa do presidente chinês de tomar medidas mais eficazes para alcançar as metas de desenvolvimento econômico do país.
Os preços do petróleo, por sua vez, fecharam em queda, com o Brent caindo 1,5%, a 110,05 dólares o barril.
Movimentações em Brasília também continuaram repercutindo, com o governo estudando elevar o Auxílio Brasil em 200 reais, além de aumento no valor do vale-gás e criação de uma espécie de voucher de mil reais para caminhoneiros.
Em paralelo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que já tem as 27 assinaturas necessárias para a criação da CPI do MEC.
"O cenário para a bolsa brasileira está complicado", afirmou o gestor de uma empresa ligada a previdência complementar, citando que a miríade de fatores desfavoráveis passa por riscos fiscais e políticos, além das discussões sobre CPIs. "E ainda há o risco de recessão global, que acaba batendo em commodities como o minério de ferro e pressionado Vale".
Para o gestor de portfólio da Kilima Asset Luiz Adriano Martinez, a grande dúvida é se a desaceleração global resultará em recessão e se isso vai acontecer antes do previsto. "Se acontecer, isso tende a ser negativo para ativos mais relacionados ao ciclo global."
A análise gráfica da equipe do Safra avalia que o Ibovespa segue em tendência de baixa no curto prazo e encontra suporte na faixa de 93.500, conforme relatório. Do lado da alta, encontra resistência em 100.700 pontos.
DESTAQUES
- VALE ON caiu 3,65%, na esteira das preocupações com o ritmo da atividade econômica global, que afetaram também papéis de siderúrgicas. USIMINAS também cedeu 3,65%.
- PETROBRAS PN recuou 1,85%, na esteira da queda dos preços do petróleo, além dos riscos envolvendo por causa das discussões em Brasília envolvendo os preços dos combustíveis.
- ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 2,29% e BRADESCO PN caiu 2,64%.
- SLC AGRÍCOLA ON tombou 6,67%, no segundo dia de forte correção. No ano, porém, ainda contabiliza uma alta de 16,7%, enquanto o Ibovespa registra um declínio de 6,4%.
- LOCAWEB ON saltou 9,01%, engatando a terceira alta seguida, conforme busca reduzir as perdas em 2022, que já alcançam 54%.
- BRF ON fechou com elevação de 7,8%, em mais uma sessão majoritariamente positiva para empresas de proteínas. JBS ON foi exceção e caiu 0,46%, mas MARFRIG ON ganhou 3% e MINERVA ON avançou 2,88%.