Bolsonaro faz apelo a setor de abastecimento para que reduza lucro sobre produtos da cesta básica

Publicado em 09/06/2022 16:43

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo nesta quinta-feira ao setor de abastecimento que "colabore um pouco mais" e reduza a margem de lucro sobre produtos da cesta básica.

Em viagem aos Estados Unidos para participar da Cúpula das Américas, Bolsonaro participou virtualmente do 2° Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento ABRAS - ESG.

"Então o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, é para que os produtos da cesta básica, cada um, obtenha o menor lucro possível", disse, acrescentando saber que a margem de lucro já vem baixando, mas pedindo que seja ainda mais reduzida.

O presidente queixou-se, sem citar nomes, dos que fazem "afirmações não verdadeiras" que o colocam como o responsável pela alta da inflação.

Bolsonaro disse ainda que a reunião nesta quinta com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, será uma ocasião em que pretende mostrar a atratividade do Brasil ao norte-americano.

Também participante do evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, iniciou sua fala ecoando o apelo de Bolsonaro ao dizer que agora é o momento de frear a alta de preços de maneira voluntária “para o bem do Brasil”. Ele pediu que o empresariado brasileiro ajude a quebrar a cadeia inflacionária.

“Vamos dar uma trégua de preços, vamos confiar um pouco no Brasil, vamos apertar o cinto um pouquinho”, pediu Guedes aos representantes do setor de supermercados, defendendo que a tabela de preços de alimentos da cesta básica seja reajustada pelos empresários apenas em 2023.

O evento teve um momento de divergência entre Bolsonaro e o ministro da Economia, depois que Guedes afirmou que o foco da discussão deveria ser o corte de tributos porque o setor de alimentação já tem margem de lucro apertada.

"Vocês estão com a margem de lucro estreita, não é com vocês a conversa. A conversa é (reduzir) ICMS, IPI, nós reduzimos esses impostos", disse, pedindo apenas que os estabelecimentos parem de aumentar os preços.

Em seguida, Bolsonaro pediu a palavra para dizer que queria “discordar um pouquinho” de Guedes, voltando a pedir que os comerciantes baixem as margens de lucro.

"Se cada um baixar 1%, que seja, ajuda bastante a gente", afirmou.

Guedes, então, disse que quem tem voto é o presidente. "Eu estou pedindo para travar a alta, se ele está pedindo para baixar, quem tem voto é ele, vamos baixar, pessoal", afirmou.

Ao comentar as medidas para cortar tributos federais e estaduais sobre combustíveis, Guedes disse que o governo federal repassou quase meio trilhão de reais aos entes durante a pandemia e que está na hora de os governadores darem uma contribuição ao país.

“Será que eles não podem ajudar o Brasil um pouco? Dos 180 bilhões de reais em caixa que eles têm hoje, não podem adiantar um terço para a população?”, disse. “É a primeira vez que os Estados vão botar a mão no bolso, até agora eles só receberam.”

(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Bernardo Caram)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo confirma contenção de gasto e vê déficit fiscal de R$28,8 bi em 2024, limite da banda de tolerância
Wall St encerra em alta com retorno de investidores às megacaps
Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes
Arrecadação de junho teve alta real de 11%, mas ganhos ainda estão abaixo do necessário, diz secretário da Receita
Ibovespa tem alta modesta com Embraer e Petrobras minando efeito positivo de Wall Street
Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil