Dólar caminha para 4ª semana seguida no vermelho ante real

Publicado em 04/02/2022 10:25

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava perto da estabilidade nesta sexta-feira, mas estava a caminho de registrar sua quarta semana consecutiva de perdas contra o real, em linha com a desvalorização recente da moeda norte-americana no exterior e percepção de ambiente doméstico mais atraente para investidores estrangeiros.

Às 10:16 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,23%, a 5,3097 reais na venda, após chegar a tocar 5,2792 reais na mínima do dia (-0,34%).

Se mantiver o desempenho desta manhã até o final dos negócios, a moeda norte-americana registrará recuo semanal de 1,7%, o quarto consecutivo, após fechar a última sexta-feira em 5,3915 reais na venda.

Até agora no ano, a divisa norte-americana acumula queda de quase 5% contra o real.

O dólar também estava em curso de fechar a semana em baixa contra uma cesta de seis pares fortes, acumulando queda de 2%, o que configuraria seu pior desempenho semanal desde o início da pandemia de coronavírus. Seu índice caía 0,13% nesta manhã, conforme investidores aguardavam a divulgação de um importante relatório de emprego norte-americano.

Parte dos mercados atribuiu a desvalorização recente da moeda norte-americana a comentários mais amenos de algumas autoridades do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, em relação a seu iminente ciclo de altas de juros.

Elas disseram no início da semana ser claramente hora de o banco central começar a remover o apoio econômico, mas afirmaram que o ritmo exato e o momento desses movimentos dependeriam do que acontece com a inflação e a economia mais ampla.

Aumentos nas taxas de empréstimo nos EUA são, no geral, vistos como positivos para o dólar, mas estrategistas do Citi afirmaram em relatório que o maior carrego --retorno obtido por diferenciais de juros-- oferecido por algumas moedas de países emergentes, como o real, tem sido um colchão contra as expectativas de uma política monetária mais apertada na maior economia do mundo.

"Embora, tipicamente, o fator do carrego não funcione bem em momentos de aversão a risco crescente ou aumentos de juros (nos EUA), a performance (de moedas emergentes) em janeiro foi surpreendentemente robusta", disse o credor norte-americano, destacando o Brasil como uma "oportunidade".

Na quarta-feira, ao fim de seu encontro de política monetária de dois dias, o Banco Central do Brasil elevou a taxa Selic em 1,5 ponto percentual pela terceira vez seguida, conforme o esperado, a 10,75% ao ano, aumentando os retornos oferecidos por contratos de taxa de câmbio a termo da moeda brasileira.

Dan Kawa, CIO da TAG Investimentos, atribuiu parte da desvalorização do dólar à alta da Selic, mas também vê "o movimento positivo recente nos ativos locais como pontuais e ajudados pelos fluxos de curto-prazo, em meio a preços, valuations e posição técnica mais construtivos".

Em post em blog, ele acrescentou que tem "enormes dúvidas em relação à continuidade destes movimentos", citando ruídos fiscais domésticos.

A principal fonte de preocupações para os investidores tem sido uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada por um deputado aliado do Palácio Planalto para autorizar cortes de tributos sobre combustíveis, que pode gerar uma perda anual de até 54 bilhões de reais para a União, segundo cálculos do Ministério da Economia.

Na B3, às 10:16 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,39%, a 5,3395 reais.

O dólar fechou a última sessão em alta de 0,41%, a 5,2977 reais na venda.

Neste pregão, o BC fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.

Fonte: Reuters

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