XP ainda não vê necessidade de racionamento de energia em 12 meses, mas aponta risco maior
A corretora XP elevou o risco de o Brasil precisar passar por novo racionamento de energia, como o que ocorreu em 2001, mas pontuou que seu cenário base ainda não vê necessidade de tal medida nos próximos 12 meses, segundo relatório publicado a clientes nesta quinta-feira.
Em sua nova previsão, a XP aponta uma probabilidade de racionamento de 17,2% nos próximos 12 meses, contra estimativas anteriores de 3% em julho e 5,5% em agosto.
O relatório ocorre enquanto o governo vem desenvolvendo novas medidas para garantir o abastecimento do país, como programas de incentivo de redução da demanda elétrica, além de outras que vêm ocorrendo há mais tempo, como acionamento de usinas térmicas - mais caras - e importação de energia.
Até o momento, o Ministério de Minas e Energia descarta a necessidade de um racionamento compulsório. Nesta semana, o ministro Bento Albuquerque afirmou que todos os cenários traçados e modelos computacionais utilizados pelo governo indicam que há oferta de energia suficiente para atender a demanda do sistema.
A corretora pontuou, no entanto, que em agosto o cenário hidrológico brasileiro - que passa por sua pior crise em mais de 90 anos - piorou significativamente, com os níveis dos reservatórios caindo abaixo do esperado.
"A piora em relação às nossas expectativas pode ser explicada por uma ENA (quantidade de água que chega às hidrelétricas, em unidade de energia) significativamente menor, parcialmente compensada por importações de energia e uma menor geração hídrica", afirmaram os analistas da XP Victor Burke e Maíra Maldonado, em relatório.
"Como resultado, atualizamos nossas estimativas e vemos a probabilidade de racionamento nos próximos 12 meses aumentar para 17,2% de 5,5% no relatório anterior. A crescente probabilidade de um cenário crítico fez com que o governo adotasse medidas preventivas para evitar o racionamento de energia."
Segundo eles, a previsão do nível consolidado dos reservatórios ficou menor (13% em novembro/2021 para o SIN) e a utilização de capacidade maior.
"O ponto de ruptura para o nosso modelo agora é se a energia afluente natural média (ENA) ficar abaixo de 63% da média de longo prazo (anteriormente 55%). De acordo com nossos cálculos, a probabilidade de a ENA ficar em 63% ou menos (portanto, ocorrer racionamento de energia) é de 17,2%."