Ibovespa fecha em queda com receio fiscal à espera do Copom; Bradesco PN cai
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) -O Ibovespa fechou em baixa nesta quarta-feira, com as ações do Bradesco entre as maiores pressões negativas após resultado trimestral, assim como os papéis da Petrobras na esteira do recuo do preço do petróleo no exterior e antes do balanço.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,44%, a 121.801,21 pontos, quase perdendo o patamar dos 121 mil pontos no pior momento, no primeiro fechamento negativo na semana. O volume financeiro no pregão somou 30 bilhões de reais.
Investidores também continuam melindrados com as negociações para o parcelamento do pagamento de precatórios pelo governo federal para abrir espaço ao pagamento de demais despesas, que muitos agentes de mercado veem como um calote disfarçado.
Nesta quarta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), defendeu a PEC para parcelar esses valores devidos pelo governo por derrotas definitivas na Justiça, afirmando que não se trata de um calote.
Em entrevista à CNN Brasil, Lira afirmou que o crescimento exponencial da previsão de precatórios para 2022, que atinge 90 bilhões de reais, fará com que o governo não tenha recursos para cumprir outros compromissos.
"Ou pactuamos um parcelamento ou descumprimos todos os pagamentos para 2022", afirmou.
Declarações do presidente Jair Bolsonaro reiterando o desejo de elevar o valor do Bolsa Família a 400 reais e sobre estudo para a criação de um vale-gás bancado pela Petrobras corroboraram receios de populismo fiscal.
"Investidores estão cautelosos porque medidas populistas visando melhora na popularidade do governo podem comprometer o quadro fiscal", afirmou o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila. "E isso pode ter impacto no fluxo do investimento estrangeiro."
O final da quarta-feira ainda reserva mais resultados corporativos, incluindo os de Braskem, Banco do Brasil e Totvs, além de Petrobras, bem como decisão do Copom, com as projeções apontando alta da Selic para 5,25% ao ano.
Wall Street pouco ajudou o pregão brasileiro nesta sessão, com fechamento sem uma direção única, após dados sinalizarem uma desaceleração expressiva do mercado de trabalho dos Estados Unidos em julho. O S&P 500 cedeu 0,46% após renovar recorde na véspera.
DESTAQUES
- BRADESCO PN caiu 4,36%, maior queda do Ibovespa, mesmo após crescimento de mais de 60% no lucro recorrente do segundo trimestre, com a área de seguros do banco afetada pela segunda onda de Covid-19. O presidente-executivo do banco disse que os sinistros de seguros relacionados à Covid-19 devem recuar até o final do ano. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 2,79% e Banco do Brasil ON recuou 1,47%.
- PETROBRAS ON e PETROBRAS PN perderam 3,61% e 2,12%, respectivamente, na esteira do forte declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent fechou em baixa de 2,8%, a 70,38 dólares o barril. A companhia reporta resultado do segundo trimestre ainda nesta quarta-feira e a expectativa é de que mostre lucro de 0,82 dólar por ação, segundo a estimativa média dos analistas da Refinitiv, ante prejuízo de 0,39 dólar um ano antes.
- COSAN ON recuou 4,06%, após a Raízen, joint venture entre a empresa e a Shell, precificar sua oferta inicial de ações a 7,40 reais por papel na terça-feira, no piso da faixa estimada. A operação movimentou 6,9 bilhões de reais, no maior IPO do ano no Brasil. As ações da Raízen estreiam na bolsa na quinta-feira.
- GERDAU PN subiu 0,19%, mesmo após resultado recorde e acima do esperado no segundo trimestre. A companhia disse que vai ampliar a capacidade de laminação de bobinas a quente e de produção de perfis estruturais em Minas Gerais. No setor de mineração e siderurgia, porém, o destaque foi USIMINAS PNA, com alta de 4,6%. VALE ON fechou com variação negativa de 0,11% após subir mais de 3% na véspera.
- NATURA&CO ON avançou 1,25%, na segunda sessão consecutiva de recuperação. O papel acumulou baixa de 11,6% após seis quedas em sete pregões até a segunda-feira. O valor da ação, que têm sofrido com perspectivas de números fracos para o segundo trimestre, também encontrou suporte em relatório do BTG Pactual recomendando "compra" do papel.
- XP INC saltou 7,75% em Nova York, após anunciar na terça-feira alta de 83% no lucro líquido ajustado do segundo trimestre ante mesma etapa de 2020. O resultado operacional da XP medido pelo Ebitda ajustado cresceu 77% ano a ano.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)