Bolsonaro promete vetar reforma se houver aumento da carga tributária
O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira, em entrevista a uma rádio, que pode vetar o projeto de reforma se houver aumento da carga tributária.
"Houve um exagero por parte da Economia na reforma tributária, já está sendo acertado com o relator. Realmente a Receita (Federal), no meu entender, como é muito conservadora, foi com muita sede ao pote", disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais.
"Eu falei, mesmo sendo projeto meu, se passar no Congresso e chegar para mim aumentando a carga tributária eu veto", acrescentou.
"O Paulo Guedes sabe do assunto, obviamente, ele é o nosso Posto Ipiranga, também trabalha para que, no final das contas, não se aumente a carga tributária no Brasil", concluiu.
BOLSA FAMÍLIA DE R$300
Na entrevista, o presidente disse que o novo Bolsa Família terá valor médio de 300 reais, acima dos 250 reais previsto inicialmente pela equipe econômica.
De acordo com Bolsonaro, o novo valor será pago a partir de novembro deste ano, como era esperado. Atualmente o valor médio pago aos beneficiários está em 192 reais. O reajuste seria de pouco mais de 50%.
"O que pretendemos fazer: fixar no mínimo em 300 reais o novo Bolsa Família a partir de novembro. Então vai ser um aumento de mais de 50%. É pouco, sei que é pouco. Mas é o que a nação pode dar", disse o presidente.
Embora não deixe claro, o valor a que Bolsonaro se refere é, na verdade, o médio, e não o mínimo a ser pago às famílias. Como o valor do benefício é variável --a depender do número de filhos, idades, etc-- a média hoje é de 192 reais. O valor mínimo hoje por família é de 89 reais. Um reajuste no valor mínimo seria de quase 240%, e não de cerca de 50%, como disse o presidente.
O valor de 300 reais foi uma imposição de Bolsonaro à equipe econômica, que previa chegar a um valor médio de 250 reais. Em junho deste ano, Bolsonaro anunciou em um programa de televisão que queria "no mínimo 300 reais", o que levou a Economia a refazer as contas para apresentar ao presidente alternativas.
Ainda no mês passado, de acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, a Economia trabalhava com um valor máximo de 284 reais, atendendo 17 milhões de famílias --2,4 milhões além dos atendidos hoje.
Na entrevista desta terça, Bolsonaro disse que o governo está prevendo atender 22 milhões de "pessoas" a partir de dezembro, possivelmente se referindo a famílias, como são contados os beneficiários do programa. Mas não há ainda nas contas do governo a previsão para essa ampliação.
Esta semana, o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, falou em um custo de 50 bilhões para pagar o novo Bolsa Família, o que seria insuficiente para atender 22 milhões de famílias com benefício médio de 300 reais.
O governo, no entanto, ainda não tem a previsão do total de recursos necessários previstos por Guedes. Parte viria da reformulação do Imposto de Renda incluída no envio da reforma tributária, que ainda está sendo discutida no Congresso.