Bolsonaro promete vetar reforma se houver aumento da carga tributária

Publicado em 20/07/2021 11:51

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira, em entrevista a uma rádio, que pode vetar o projeto de reforma se houver aumento da carga tributária.

"Houve um exagero por parte da Economia na reforma tributária, já está sendo acertado com o relator. Realmente a Receita (Federal), no meu entender, como é muito conservadora, foi com muita sede ao pote", disse Bolsonaro em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais.

"Eu falei, mesmo sendo projeto meu, se passar no Congresso e chegar para mim aumentando a carga tributária eu veto", acrescentou.

"O Paulo Guedes sabe do assunto, obviamente, ele é o nosso Posto Ipiranga, também trabalha para que, no final das contas, não se aumente a carga tributária no Brasil", concluiu.

BOLSA FAMÍLIA DE R$300

Na entrevista, o presidente disse que o novo Bolsa Família terá valor médio de 300 reais, acima dos 250 reais previsto inicialmente pela equipe econômica.

De acordo com Bolsonaro, o novo valor será pago a partir de novembro deste ano, como era esperado. Atualmente o valor médio pago aos beneficiários está em 192 reais. O reajuste seria de pouco mais de 50%.

"O que pretendemos fazer: fixar no mínimo em 300 reais o novo Bolsa Família a partir de novembro. Então vai ser um aumento de mais de 50%. É pouco, sei que é pouco. Mas é o que a nação pode dar", disse o presidente.

Embora não deixe claro, o valor a que Bolsonaro se refere é, na verdade, o médio, e não o mínimo a ser pago às famílias. Como o valor do benefício é variável --a depender do número de filhos, idades, etc-- a média hoje é de 192 reais. O valor mínimo hoje por família é de 89 reais. Um reajuste no valor mínimo seria de quase 240%, e não de cerca de 50%, como disse o presidente.

O valor de 300 reais foi uma imposição de Bolsonaro à equipe econômica, que previa chegar a um valor médio de 250 reais. Em junho deste ano, Bolsonaro anunciou em um programa de televisão que queria "no mínimo 300 reais", o que levou a Economia a refazer as contas para apresentar ao presidente alternativas.

Ainda no mês passado, de acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, a Economia trabalhava com um valor máximo de 284 reais, atendendo 17 milhões de famílias --2,4 milhões além dos atendidos hoje.

Na entrevista desta terça, Bolsonaro disse que o governo está prevendo atender 22 milhões de "pessoas" a partir de dezembro, possivelmente se referindo a famílias, como são contados os beneficiários do programa. Mas não há ainda nas contas do governo a previsão para essa ampliação.

Esta semana, o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, falou em um custo de 50 bilhões para pagar o novo Bolsa Família, o que seria insuficiente para atender 22 milhões de famílias com benefício médio de 300 reais.

O governo, no entanto, ainda não tem a previsão do total de recursos necessários previstos por Guedes. Parte viria da reformulação do Imposto de Renda incluída no envio da reforma tributária, que ainda está sendo discutida no Congresso.

Fonte: Reuters

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