Vendas de moradias usadas nos EUA diminuem em maio com preços em níveis recordes
WASHINGTON (Reuters) - As vendas de moradias usadas nos Estados Unidos caíram pelo quarto mês consecutivo em maio, já que preços em níveis recordes em meio a baixos estoques frustraram potenciais compradores, tendência que deve persistir por enquanto, com construtoras em dificuldades de entregar mais casas por causa do preço alto da madeira.
As vendas de moradias usadas recuaram 0,9%, para uma taxa ajustada sazonalmente de 5,80 milhões de unidades, no mês passado, de volta ao nível pré-pandemia, informou a Associação Nacional de Corretores nesta terça-feira. As vendas caíram no Nordeste, Oeste e no densamente povoado Sul norte-americano, mas aumentaram no Meio-Oeste.
Economistas consultados pela Reuters projetavam que as vendas cairiam para 5,72 milhões de unidades em maio.
As revendas de moradias, que respondem pela maior parte das vendas de casas nos EUA, saltaram 44,6% na comparação anual. O aumento anual foi, entretanto, distorcido pela forte queda nas vendas em maio de 2020, quando a economia enfrentava fechamentos obrigatórios de negócios não essenciais para desacelerar a primeira onda de Covid-19.
A pandemia de Covid-19 aumentou a demanda por moradias, à medida que milhões de norte-americanos aderiram ao trabalho e educação remotos, sendo que a oferta já estava apertada antes da pandemia. Alguns proprietários relutaram em colocar suas casas à venda por medo de contrair o vírus de potenciais compradores que visitassem suas propriedades.
Alguns norte-americanos idosos provavelmente atrasaram a mudança para uma casa menor devido à pandemia. O vírus interrompeu a oferta de mão de obra em serrarias e portos, causando escassez de madeira e outras matérias-primas. Isso está limitando a capacidade das construtoras de acelerar a construção de novas moradias nos EUA. O governo relatou na semana passada uma recuperação apenas moderada na construção de novas moradias em maio.
Com estoques apertados, guerras de lances de oferta estão aumentando, ameaçando deixar alguns compradores de primeira viagem fora do mercado. O preço médio de uma moradia usada disparou em maio a uma taxa recorde de 23,6% sobre o mesmo período do ano anterior, para uma máxima histórica de 350.300 dólares.
Economistas não acreditam no desenvolvimento de outra bolha imobiliária, ressaltando que o aumento está sendo impulsionado mais por um descompasso entre oferta e demanda do que por lenientes práticas de crédito, que desencadearam a crise financeira global de 2008. Mas os preços em rápida ascensão podem alimentar a inflação.
Havia 1,23 milhão de casas usadas no mercado em maio, queda de 20,6% em relação a um ano antes. No ritmo de vendas de maio, o estoque atual seria esgotado em 2,5 meses, abaixo dos 4,6 meses de um ano antes. Um período de seis a sete meses é visto como um equilíbrio saudável entre oferta e demanda.
(Por Lucia Mutikani)