Dólar tem leve alta contra real após perdas da véspera; dados dos EUA ficam no radar
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava contra o real nesta quarta-feira, depois de fechar o último pregão em seu menor patamar desde dezembro do ano passado, enquanto os investidores aguardavam dados econômicos importantes dos Estados Unidos.
Às 10:33, o dólar avançava 0,40%, a 5,1668 reais na venda, enquanto o dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,38%, a 5,1825 reais.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes apresentava leve alta, enquanto pares emergentes do real, como peso mexicano, rand sul-africano e lira turca, tinham desempenho misto.
As expectativas dos participantes do mercado financeiro giravam em torno de dados da maior economia do mundo que serão divulgados nos próximos dias, com destaque para um importante relatório de emprego de sexta-feira.
Indicadores com resultados positivos -- como uma leitura sobre a manufatura norte-americana divulgada na véspera -- podem elevar as apostas dos investidores num aperto monetário precoce por parte do Federal Reserve, à medida que os Estados Unidos deixam para trás a crise gerada pela pandemia.
Os investidores "buscam entender se o crescimento acelerado trazido por dados irá se traduzir em uma pressão sobre os preços persistente o suficiente para que os bancos centrais sejam obrigados a iniciar o processo de retirada de estímulos", explicou em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
Dados da semana passada mostraram que a inflação ao consumidor nos Estados Unidos acelerou no ano até abril, com uma leitura de seu núcleo ultrapassando a meta de 2% do banco central dos EUA e registrando seu maior ganho anual desde 1992.
Fatores internacionais à parte, analistas têm chamado a atenção para uma percepção melhor sobre o cenário doméstico, que ajudou o dólar negociado no mercado interbancário a cair 1,52% na terça-feira, a 5,1461 reais na venda, seu menor patamar para encerramento desde 21 de dezembro (5,1232 reais).
"Há sinais ainda discretos de retomada da atividade econômica no Brasil -- o PIB do 1º trimestre aponta nesta direção -- e, com o novo perfil de atuação do BC, fazendo a correção da taxa de juros, compatibilizando-a com a realidade brasileira e aos parâmetros inflacionários presentes, o preço do dólar começa a devolver a exacerbação havida na formação do seu preço", disse em nota Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na véspera mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,2% entre janeiro e março, terceiro trimestre seguido de ganhos e voltando ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia.
Mesmo assim, vários riscos continuam no radar: "o sentimento é de que o país deseja 'viver o momento presente' sem os temores do que está por vir, como a probabilidade de termos uma terceira onda da pandemia de coronavírus, ou mesmo uma crise hídrica, que teria forte impacto na atividade econômica", opinou Nehme, também alertando para a chance de valorização internacional do dólar no caso de uma política monetária mais dura nos EUA.
"Mesmo o cenário político brasileiro (...) parece ter consideração menor do mercado financeiro neste momento. As vulnerabilidades continuam no radar e é temerário não considerá-las como factíveis", completou.
Nesta sessão, o Banco Central fará leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.