Dólar fecha em queda de 1,08%, a R$ 5,2554
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou no menor patamar em mais de duas semanas nesta quinta-feira, com o real com folga liderando os ganhos nos mercados globais de câmbio, em meio à fraqueza geral da moeda norte-americana, a fluxos de exportadores e à percepção de que a taxa de câmbio está mais atrativa.
O dólar à vista recuou 1,08%, a 5,2554 reais, menor patamar desde 11 de maio (5,2241 reais).
No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de moedas cedia 0,1%, não distante de mínimas em mais de quatro meses e meio atingidas na terça-feira.
Num ranking de divisas, o real ficou bem à frente do peso chileno, que com ganho de 0,7% tinha o segundo melhor desempenho mundial nesta quinta. O peso mexicano, um dos principais "rivais" do real, caía 0,5%.
A dinâmica favorável ao câmbio nesta sessão é uma extensão do que se tem visto mais recentemente, quando voltou-se a perceber entrada de recursos de exportadores no mercado físico, em meio ao rali nos preços das commodities. O índice CRB/Refinitiv de matérias-primas subia 1,2% no fim da tarde, ficando a 1,8% da máxima desde julho de 2015 alcançada duas semanas atrás.
"O dólar está indo mal no globo, e o real está se beneficiando mais pela melhora dos termos de troca do Brasil em relação aos demais emergentes", disse um profissional da área de câmbio de um banco estrangeiro.
Ele citou inclusive que a queda do peso mexicano nesta sessão seria fruto de desmonte de posições vendidas em real e compradas no peso. Esse foi um "trade" recorrente nos últimos tempos, baseado no entendimento de que o real seguiria em queda devido aos juros reais negativos e à lentidão do crescimento da economia brasileira.
Mas o Banco Central iniciou um ciclo de normalização monetária em março que já trouxe os juros nominais de uma mínima recorde de 2% para 3,75% --no mercado, há expectativa de que a Selic seja elevada a 6,5% ainda neste ano, aumentando mais os diferenciais de juros favoráveis à taxa de câmbio doméstica.
Além disso, analistas têm revisado para cima as projeções para o PIB. Nesta quinta, o Itaú Unibanco passou a ver crescimento econômico de 5,0% em 2021, ante estimativa anterior de 4,0%.
Dados baseados em forward points de swaps de dólar/real e dólar/peso mexicano mostram que a "vantagem" de taxa oferecida pelo real superou a da moeda mexicana pela primeira vez desde pelo menos o fim de novembro de 2019.
"A volta gradual do IED e o retorno do caixa, ainda parcial, dos exportadores, diminui mais a pressão na moeda e melhora as expectativas. "Com isso, a bomba teórica foi momentaneamente desarmada", comentou Sérgio Machado, gestor no Trópico SF2 Cash FIM.
O foco na sexta-feira se volta para dados de inflação nos Estados Unidos, que podem mexer com expectativas do mercado sobre redução de estímulos no país.
(Edição de Isabel Versiani)