Barclays vê menor inclinação da curva e dólar mais fraco com política monetária

Publicado em 06/05/2021 13:46

O ajuste mais intenso na política monetária ao mesmo tempo em curso e sinalizado pelo Banco Central é positivo para os mercados brasileiros e ampara posições a favor de redução da inclinação da curva de juros, além de aproximar a taxa de câmbio de seu valor justo, disse o Barclays.

"Continuamos esperando descompressão do prêmio de risco apoiado por um Banco Central mais proativo e continuamos comprados em DI janeiro 2022 e vendidos em DI janeiro 2024", disseram Roberto Secemski e Juan Prada em relatório.

A posição comprada reflete aposta de alta (no caso, alta dos juros futuros), enquanto a posição vendida indica o contrário.

Apostas em juros futuros mais elevados no curto prazo apontam expectativa de Selic maior. Um tom mais "hawkish" (duro com a inflação), por sua vez, tende a baixar as expectativas de inflação e aumentar a confiança no BC, potencializando a política monetária. Isso ajuda a reduzir prêmio de risco em vencimentos mais dilatados, o que ajuda a explicar a recomendação vendida em DI janeiro 2024.

De acordo com o Barclays, o mercado prevê intenso ciclo de alta de juros e sem pausa, o que levaria a Selic ao patamar neutro (6,5%) em janeiro de 2022.

"Achamos que deve haver pouca mudança na precificação (do mercado nos juros), já que o banco está abrindo a possibilidade de remover a referência à normalização 'parcial' no futuro, o que validaria a precificação de mercado atual. A curva pode ser negociada com um viés de achatamento na compressão do prêmio de risco, já que o ritmo acelerado de altas deve continuar."

O impacto das indicações de política monetária também se estende ao câmbio, segundo os profissionais do banco estrangeiro, que veem o movimento em curso como um suporte ao real.

Eles lembraram que a moeda tem se valorizado desde a resolução do impasse do Orçamento 2021, no mês passado, em trajetória que aproximou a cotação do valor justo pelo modelo FFV (Financial Fair Value).

O dólar cai 7,8% desde a máxima de 12 de abril (5,7258 reais) e era cotado a 5,2803 reais nesta quinta-feira, nas mínimas desde meados de janeiro.

"Acreditamos que a lenta restauração do 'carry' e a potencial descompressão de risco são positivos para o real e esperaríamos um viés mais alto na moeda", disseram.

"No entanto, o ritmo de ganhos provavelmente será muito moderado em comparação com os movimentos vistos no mês passado", ressalvaram. O Barclays segue com estratégia de long put spreads no par dólar/real, indicando aposta de queda do dólar, mas ainda em meio a um ambiente de alta volatilidade.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Governo confirma contenção de gasto e vê déficit fiscal de R$28,8 bi em 2024, limite da banda de tolerância
Wall St encerra em alta com retorno de investidores às megacaps
Dólar cai ante real em dia favorável para as moedas emergentes
Arrecadação de junho teve alta real de 11%, mas ganhos ainda estão abaixo do necessário, diz secretário da Receita
Ibovespa tem alta modesta com Embraer e Petrobras minando efeito positivo de Wall Street
Taxas futuras de juros caem em dia positivo para emergentes e de confirmação de cortes de gastos no Brasil