Dólar fecha em alta de 1,81%, a R$ 5,4315

Publicado em 30/04/2021 17:26 e atualizado em 30/04/2021 18:06

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou esta sexta-feira com a alta diária mais forte em mais de um mês, em meio ao fortalecimento global da moeda por realização de lucros, mas nada que aqui no Brasil impedisse a divisa de registrar a maior queda para abril desde 2016, com alívio no plano político-fiscal doméstico e também nos temores de inflação nos Estados Unidos.

O real teve em abril o segundo melhor desempenho entre as principais moedas, depois de passar boa parte do ano liderando as perdas.

O dólar subiu 1,81% nesta sexta, para 5,4315 reais, maior valorização diária desde o último dia 24 de março (+2,20%). Houve ampla oscilação neste pregão: a cotação variou de 5,3363 reais (+0,03%) a 5,45 reais (+2,16%). No exterior, o índice do dólar saltava 0,75%, a caminho do maior ganho desde fevereiro.

Na semana, o dólar no Brasil caiu 1,19%, aprofundando as perdas em abril para 3,53%, na primeira queda mensal em 2021.

A desvalorização foi a mais forte desde novembro do ano passado (-6,82%) e, considerando apenas abril, a mais acentuada desde 2016 (-4,34%). Nos últimos quatro anos o dólar havia ganhado força nos meses de abril.

Com as perdas do mês, o dólar reduziu a alta no ano para 4,62%. Com isso, o real agora divide com o sol peruano o posto de quinto pior desempenho em 2021, uma melhora de posição, já que durante boa parte do ano a moeda brasileira ficou na lanterna.

PERSPECTIVAS

"Continuando a consolidação sobre as reformas, a tendência do dólar é de mais queda", disse Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

A discussão sobre reformas havia ficado de lado nos últimos tempos em meio ao recrudescimento da crise sanitária e a debates sobre mais despesas para controlar a pandemia, os quais levaram no começo de março à aprovação de uma PEC Emergencial que causou no mercado um mal-estar posteriormente agravado pelo impasse do Orçamento.

Mas a solução da crise orçamentária alcançada em abril voltou a abrir espaço para queda do dólar --desde a máxima de 29 de março (5,7681 reais), o dólar acumulou baixa de 5,84%.

"O governo mudou a postura com o Congresso, a forma de negociação, entendeu a necessidade de costurar as reformas. Por ora não vejo motivos para esse novo modus operandi mudar", acrescentou Velloni.

A chance de continuidade da trégua na taxa de câmbio em maio é amparada ainda pela expectativa de um pano de fundo global mais tranquilo para mercados emergentes, com a trégua na pressão na renda fixa norte-americana, o que ajudou os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) a deixar as máximas em 14 meses alcançadas em março.

Na teoria, quanto mais altas as taxas dos Treasuries, mais apelo ganha o dólar, já que a maior demanda pelo papel se traduz em mais fluxos denominados na moeda norte-americana.

O Morgan Stanley acredita que o provérbio "sell in May and go away" (venda em maio e saia do mercado, em tradução livre) deve ser menos pronunciado nos mercados de câmbio e juros de países emergentes neste ano, depois de uma fraca performance desses ativos no primeiro quadrimestre do ano.

O banco espera alguma estabilização de curto prazo no real, após a aprovação do Orçamento 2021 amenizar "ruído fiscal" e conforme o Banco Central deve continuar a subir os juros.

E o Rabobank projeta que o dólar ficará em 5,45 reais ao fim de maio, o que aponta estabilidade em relação ao fechamento desta sexta. Em dezembro, a estimativa é que a moeda ficará mais barata, valendo 5,35 reais, com alta das commodities e menor temor sobre reflação global.

Em nota, os estrategistas Mauricio Une e Gabriel Santos destacam expectativa de melhora nos ingressos de recursos ao país, com aumento das estimativas para exportações neste ano, o que ajudará o Brasil a registrar superávit em conta corrente de 2,0 bilhões de dólares, segundo cálculos do banco que incluem ainda aumento de 70% (20,1 bilhões de dólares) nos investimentos diretos no país (IDP), para 54,3 bilhões de dólares.

"Isso deve em parte levar a uma apreciação do real até o fim do ano", disseram os estrategistas.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

S&P 500 e Dow Jones atingem máximas de uma semana após dados de PMI dos EUA
Departamento do Tesouro dos EUA impõe sanções ao Gazprombank da Rússia
Atividade empresarial dos EUA atinge maior nível em 31 meses em novembro
Wall St ronda estabilidade antes de dados de atividade empresarial, com tensões geopolíticas em foco
BCE continuará reduzindo juros, mas discussão de dezembro deve esperar, diz Nagel
Ibovespa sobe apoiado em Petrobras, mas ainda caminha para queda semanal
undefined