Há risco "não desprezível" de flexibilização adicional do regime fiscal, diz Itaú
O Itaú Unibanco piorou sua projeção de déficit primário para o Brasil neste ano, incorporando em suas contas mais despesas emergenciais fora do teto de gastos, e avaliou que, pela dinâmica atual da pandemia e de suas consequências, há risco "não desprezível" de flexibilização adicional do regime fiscal da regra.
"Tal cenário impactaria a já frágil sustentabilidade fiscal brasileira, aumentando o prêmio de risco doméstico, com efeitos negativos sobre juros, câmbio e atividade econômica em 2021 e, predominantemente, em 2022", disse a equipe econômica do Itaú, chefiada por Mário Mesquita, em revisão mensal de cenário.
O banco revisou a estimativa de déficit primário para 2,8% do PIB (de 2,5% antes), no equivalente a 235 bilhões de reais.
Os gastos não sujeitos ao teto devem somar 100 bilhões de reais (1,2% do PIB), contra 62 bilhões de reais (0,9% do PIB) previstos antes. O aumento virá de programas de proteção ao emprego formal (BEm), de crédito para empresas (Pronampe), além de gastos com o sistema de saúde.
Apesar do agravamento da crise sanitária, os economistas do Itaú avaliaram que os impactos econômicos da atual onda de Covid-19 têm sido menos pronunciados do que no pico do ano passado. Assim, mantiveram expectativa de que o PIB aumente 3,8% em 2021 e desacelere para 1,8% no ano que vem.
A projeção para a taxa de câmbio ao fim de 2021 foi deixada em 5,30 reais, com o real apoiado em parte pela elevação da Selic a 5,5% no término de 2021.
"Embora as incertezas externas e domésticas sigam presentes, a elevação da taxa Selic, bem como os preços de commodities mais elevados, tende a se refletir em fluxos comerciais favoráveis, abrindo espaço para uma volta do fluxo de dólares para o país", disseram os economistas do banco, que veem a moeda em 5,50 reais o fim de 2022.
A alta do IPCA prevista para este ano se manteve em 4,7%, descendo para 3,6% em 2022.