SP decide esperar efeitos da quarentena antes de adotar novas restrições

Publicado em 17/03/2021 14:30

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Horas depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmar que novas medidas de restrição contra o coronavírus no Estado seriam anunciadas, autoridades de saúde paulista afirmaram nesta quarta-feira que aguardarão os efeitos da nova fase da quarentena no Estado, iniciada na segunda, para só então decidir sobre novas restrições.

Na entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, os membros que coordenam o Centro de Contingência que assessora o governo estadual na pandemia, os médicos Paulo Menezes e João Gabbardo, afirmaram que já há sinais de aumento no isolamento social --embora os patamares estejam abaixo dos 50% pretendidos-- e que não faria sentido adotar novas medidas sem aguardar os efeitos das recém-anunciadas.

"Nós estamos no terceiro dia de fase emergencial. É lógico que nós queremos que a situação melhore imediatamente, mas isso não ocorre pela história natural da doença", disse Menezes.

"Semana passada já foram tomadas medidas muito firmes que impactam na vida da população de São Paulo, no ganha-pão de cada um e nós precisamos de algum tempo para observar o impacto dessas medidas", acrescentou.

Na chamada Fase Emergencial da quarentena paulista estão suspensos cultos religiosos, atividades esportivas coletivas --como jogos de futebol--, e há permissão do funcionamento somente de estabelecimentos considerados essenciais, como supermercados e farmácias. Bares, shoppings e restaurantes ficam fechados, assim como lojas de material de construção. Também há restrição à circulação entre 20h e 5h em todo Estado.

Ao anunciar na semana passada esta nova fase, que valerá até o final do mês, Menezes disse que as medidas tinham como objetivo elevar a 50% o índice de isolamento social. De acordo com dados do governo estadual, o índice ficou em 43% na segunda-feira e em 44% na terça.

Os coordenadores do Centro de Contingência, no entanto, entendem que as medidas estão surtindo efeito nos índices de isolamento e apontam para uma redução no número de passageiros nos transportes públicos.

"Os dados que estão sendo apresentados estão mostrando que nos estamos conseguindo aumentar o distanciamento físico das pessoas, que é o ponto mais importante, mais significativo para que possa se reduzir a transmissibilidade da doença. Agora precisamos aguardar os resultados dessas medidas que no nosso entendimento já estão tendo efeito", disse Gabbardo.

"Precisamos aguardar, porque se não a cada dia que estivermos aqui vamos implementar uma medida e não vamos aguardar o resultado dessa medida para propor novas medidas. Não pode ser assim", acrescentou ele, que não descartou a possibilidade de Fase Emergencial ser prorrogada.

Mais cedo, Doria disse a jornalistas no Instituto Butantan, onde participou da entrega de um novo lote de doses da CoronaVac, vacina contra Covid-19 do laboratório chinês Sinovac, ao Ministério da Saúde, que novas medidas seriam anunciadas nesta quarta.

"Hoje o Centro de Contingência tem uma reunião pela manhã, essa reunião deve terminar por volta de 11h, 11h30 temos a reunião preparatória para a coletiva, e na coletiva anunciaremos quais serão as medidas adicionais que certamente terão que ser adotadas. Estamos diante de um quadro gravíssimo, dramático", disse o governador pela manhã.

Indagado na coletiva do início da tarde sobre a ausência do anúncio de novas medidas, Doria disse, em que pese ele ter dito que haveria um novo anúncio, que não é a imprensa que pauta as decisões do governo do Estado, mas sim o Centro de Contingência.

Na terça-feira, São Paulo registrou o recorde diário de mortes pela Covid-19, com 679 em 24 horas. A ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva no Estado é de 89,9%, de acordo com dados da Secretaria de Saúde estadual.

O Estado já registrou 2.243.868 casos confirmados de Covid-19, com 65.519 mortes.

VACINAS ENTREGUES

A entrega feita por Doria nesta manhã de um novo lote de 2 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde eleva para 22,6 milhões o total de doses repassadas pelo Instituto Butantan, que está envasando a CoronaVac no Brasil, ao Programa Nacional de Imunização (PNI).

O governador afirmou que o Butantan não deve ter problemas com a chegada de novos lotes do insumo farmacêutico ativo (IFA) da CoronaVac, importado da China e necessário para que o Butantan envase o imunizante.

"Nós receberemos na próxima semana mais insumos, até o presente momento os insumos programados para chegar estão escalados para permitir a produção e a entrega do compromisso do governo de São Paulo e do Butantan de 46 milhões de doses da vacina até 30 de abril", disse.

"Até o presente momento, sob controle a chegada de novos insumos e a produção de mais vacinas para o Brasil."

O contrato do Butantan com o ministério prevê, além das 46 milhões de doses até abril, mais 54 milhões de doses até o final de setembro, cuja entrega o instituto promete antecipar para agosto.

Também há tratativas para um lote adicional de 30 milhões de doses, que seriam entregues entre outubro e dezembro pelo Butantan à pasta.

Fonte: Reuters

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