Ministério da Saúde assina contrato para 10 milhões de doses da vacina Sputnik V
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Saúde assinou nesta sexta-feira contrato para compra de 10 milhões de doses da vacina Sputnik V contra Covid-19 que serão importadas da Rússia pelo laboratório brasileiro União Química, informou a pasta.
Conforme o comunicado do ministério, o cronograma de entrega da vacina prevê a chegada de 400 mil doses até o fim de abril, mais 2 milhões em maio e 7,6 milhões em junho.
“Chegamos a um bom entendimento para receber a Sputnik V, iniciado em ainda em agosto de 2020, quando a Rússia aprovou o uso desse imunizante para seus cidadãos. Aprofundamos essas negociações já no mês seguinte e agora temos mais um reforço para salvar vidas e fortalecer nosso Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 (PNO)”, disse o secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, no comunicado.
Governadores do Nordeste articulavam nos últimos dias a aquisição da vacina para ampliar a imunização contra Covid-19 no país, em meio à lentidão na imunização e recorde de mortes e casos pela doença no Brasil.
Na véspera, eles já anunciavam que o acordo para a compra do imunizante poderia ser acertado nesta sexta-feira e o governador do Piauí, Wellington Dias (PT) chegou a falar em 39 milhões de doses a serem adquiridas. Segundo ele, cada dose iria custar 9,05 dólares.
O ministério destacou que, para aplicar efetivamente a vacina russa e realizar pagamentos para cada dose do imunizante, a União Química tem de providenciar, o quanto antes, a autorização para uso emergencial e temporário.
Segundo a pasta, a farmacêutica também informou ao ministério que pretende fabricar a substância em plantas que possui em São Paulo e no Distrito Federal para atender a demanda nacional, possibilidade que será avaliada pelo ministério nas próximas semanas e que poderá levar à concretização de outro acordo comercial.
Em janeiro, a Anvisa chegou a devolver ao laboratório União Química os documentos referentes a pedido de uso emergencial no Brasil da Sputnik V, alegando que não haviam apresentado os requisitos mínimos para submissão e análise pelo órgão regulador.
O gerente de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, explicou em entrevista nesta manhã que foram feitas exigências quanto a dados e informações de estudos, sem respostas, o que levou o órgão a devolver o processo de pedido de uso emergencial.
"O status hoje é que estamos abertos para discussões com a empresa representante e a expectativa é que os próximos passos sejam tomados pelos russos para que a gente possa seguir com a avaliação e ter certeza que os cuidados dados que compõe os requisitos de segurança, qualidade e eficácia são suficientes", disse.
Nesta sexta pela manhã, a agência autorizou o uso regular da vacina contra Covid-19da AstraZeneca-Oxford, a segunda aprovada até o momento para uso em toda a população. A outra é da Pfizer, mas o país ainda não fechou contrato para compra das doses.
(Reportagem de Ricardo Brito; reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)