Bolsonaro envia comitiva a Israel sábado em busca de acordo para testar spray contra Covid-19

Publicado em 05/03/2021 21:09

BRASÍLIA (Reuters) - Uma comitiva de 10 pessoas, chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, parte para Israel na manhã de sábado em busca de um acordo para trazer ao Brasil a pesquisa sobre um spray nasal que, em testes iniciais, teria ajudado na recuperação de pacientes graves e moderados de Covid-19.

De acordo com informações do Itamaraty, a comitiva --que terá representantes dos ministérios das Relações Exteriores, Saúde, Ciência e Tecnologia, Comunicações, além da Presidência da República e da Câmara dos Deputados-- parte às 11h e terá, em Israel, encontros com representantes do Centro Médico Sourasky, que estuda o uso do spray nasal contra Covid-19.

Entre os representantes brasileiros, nomes próximos ao presidente, como o secretário especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, e o assessor para assuntos internacionais, Filipe Martins.

Mais recente obsessão do presidente Jair Bolsonaro, o spray, um medicamento já existente usado para outras doenças, foi testado em 30 pessoas, que registraram melhora do quadro de infecção. Agora, o país irá iniciar uma pesquisa em fase 3 do produto --a fase ampla, com milhares de voluntários, necessária para se comprovar a eficácia-- e o Brasil pretende participar da pesquisa a mando de Bolsonaro.

Apesar no número ínfimo de pessoas que usaram o medicamento até agora, o presidente tem tratado o spray como "milagroso", e reclama de críticas ao seu investimento em mais um medicamento ainda sem eficácia comprovada.

"O que é esse spray? Não sei. Mas o que acontece? Esse produto, há dez anos, estava sendo investigado, estava sendo estudado lá em Israel para outro tipo de vírus. E usou isso daí em 30. Em 29 deu certo. O último demorou um pouco mais, mas também segurou. Parece que é um produto milagroso, parece. Nós vamos atrás disso", disse na última quinta-feira.

Ministério reduz previsão de doses da vacina da AstraZeneca em março de 16,9 mi para 3,8 mi

BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Saúde reduziu, em um novo cronograma, a previsão de recebimento de doses da vacina da AstraZeneca-Oxford contra Covid-19 em março de 16,9 milhões para 3,8 milhões, no momento em que o país atravessa uma lentidão na imunização e um recrudescimento recente de casos e mortes da doença.

No cronograma anterior, a previsão era que a pasta recebesse 4 milhões de doses do imunizante importados da Índia e houvesse o produção de outros 12,9 milhões de doses no Brasil a partir do uso da importação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA).

Contudo, o novo cronograma da pasta só prevê agora o recebimento de 3,8 milhões de doses da vacina da AstraZeneca produzidas no Brasil, uma redução de 13,1 milhões de doses em relação à previsão anterior.

Em nota, o Ministério da Saúde também informou que as previsões de entregas de vacinas são enviadas pelos fornecedores dos imunizantes e estão sujeitas a constantes alterações, conforme a disponibilidade dos laboratórios e a real quantidade de doses entregues à pasta, que pode variar conforme o ritmo de produção das vacinas.

"A partir da entrega efetiva e do quantitativo exato de doses, o Ministério da Saúde organiza a divisão de forma proporcional e igualitária aos Estados e Distrito Federal. Posteriormente, as doses são enviadas às Unidades da Federação (UF), responsáveis por distribuir as vacinas a todos os municípios brasileiros", disse.

"Para março, o cronograma prevê a entrega de 22,7 milhões de doses do Instituto Butantan, que serão enviadas à pasta em remessas semanais. Na segunda quinzena do mês, está prevista a entrega de 3,8 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford --será o primeiro lote produzido no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com matéria-prima importada. Também são esperados mais 2,9 milhões de doses do mesmo imunizante, adquiridos via consórcio Covax Facility", completou.

Também em nota, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável no país pela vacina da AstraZeneca, esclareceu que o número total de doses a serem entregues ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) em março depende do cumprimento de todas as etapas iniciais de produção e requisitos de qualidade de forma a garantir sua eficácia e segurança, bem como do aval do registro definitivo pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Em março, deverão ser entregues 3,8 milhões de doses da vacina. No entanto, somente após os resultados dos lotes de validação e liberação pela Anvisa é que será possível precisar as datas e quantitativos a serem disponibilizados para o PNI. O Instituto de Tecnologia em Imunobilógicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) permanece com empenho total para disponibilizar sua vacina no menor prazo possível", informou a nota.

A vacina da AstraZeneca-Oxford foi inicialmente a principal aposta do governo Jair Bolsonaro para fazer a imunização da população brasileira. Contudo, a demora na chegada e preparação dela no Brasil e o avanço da CoronaVac --que tem como parceira no Brasil o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo-- fez com que o imunizante originário da China se tornasse o mais usado no país.

Os dois imunizantes já foram autorizados para uso emergencial no Brasil, atendendo no momento apenas grupos prioritários. A AstraZeneca já pediu registro definitivo na Anvisa, o que permitiria em caso de aprovação um uso massivo na população. Contudo, a agência reguladora ainda não decidiu sobre o assunto.

Pelo novo cronograma, o Ministério espera receber 575,9 milhões de doses de vacinas dos mais diversos laboratórios até o final do ano.

Fonte: Reuters

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