Índice de Preços ao Produtor (IPP) cresce 3,36% em janeiro

Publicado em 02/03/2021 09:36

Os preços da indústria subiram 3,36% em janeiro de 2021, na comparação com dezembro de 2020, aumento superior ao de dezembro contra novembro (0,39%). Em janeiro, todas as 24 atividades apresentaram variações positivas de preços, contra 17 em dezembro.

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede a evolução dos preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange informações por grandes categorias econômicas, ou seja, bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis e semiduráveis e não duráveis).

Na passagem de dezembro de 2020 para janeiro de 2021, os preços da indústria tiveram alta de 3,36%. As quatro maiores foram nos produtos das seguintes atividades industriais: indústrias extrativas (10,70%), metalurgia (6,10%), refino de petróleo e produtos de álcool (5,30%) e calçados e produtos de couro (5,19%).

Em termos de influência no resultado geral, destacam-se as indústrias extrativas (0,59 ponto percentual), refino de petróleo e produtos de álcool (0,45 p.p.), metalurgia (0,40 p.p.) e outros produtos químicos (0,37 p.p.).

Ao comparar janeiro de 2021 com janeiro de 2020 a variação de preços ocorrida foi de 22,96%, contra 19,38% em dezembro/2020. As quatro maiores variações de preços ocorreram em indústrias extrativas (52,91%), metalurgia (38,42%), madeira (35,61%) e alimentos (34,62%). Neste indicador, os setores de maior influência foram: alimentos (7,96 p.p.), indústrias extrativas (2,51 p.p.), outros produtos químicos (2,31 p.p.) e metalurgia (2,29 p.p.).

Entre as Grandes Categorias Econômicas, as influências foram de: 0,26 p.p. de bens de capital, 2,74 p.p. de bens intermediários e 0,36 p.p. de bens de consumo. No caso de bens de consumo, 0,13 p.p. se deveu às variações de preços observadas nos bens de consumo duráveis e 0,23 p.p. nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis.

No acumulado em 12 meses, a variação de preços da indústria alcançou, em janeiro, 22,96%, com as seguintes variações: bens de capital, 18,62% (1,41 p.p.); bens intermediários, 28,81% (15,55 p.p.); e bens de consumo, 15,62% (6,01 p.p.), sendo que a influência de bens de consumo duráveis foi de 0,87 p.p. e a de bens de consumo semiduráveis e não duráveis de 5,14 p.p.

A seguir os principais destaques:

Indústrias extrativas: em janeiro, a variação dos preços do setor, na comparação janeiro contra dezembro, foi de 10,70%, voltando ao campo positivo depois de dois meses com variações negativas. No acumulado em 12 meses, a variação é de 52,91%, um avanço de 7,16 p.p. em relação ao dado de dezembro (45,75%).

O comportamento dos preços do setor fez com que a variação, na comparação janeiro de 2021/dezembro de 2020, fosse a mais intensa entre todas as atividades das indústrias extrativas e de transformação e que fosse o setor que mais influenciasse o resultado, 0,59 p.p., em 3,36%. Foi também a maior variação na comparação entre janeiro de 2021 e janeiro de 2020. Além disso, é a segunda influência no acumulado dos últimos 12 meses, com 2,51 p.p., em 22,96%.

O avanço dos preços em janeiro está em linha com a depreciação do real (4,1%) e com o comportamento dos preços de “óleo bruto de petróleo” e dos dois produtos de minério de ferro no mercado internacional.

Alimentos: em janeiro de 2021, a variação de preços do setor, em relação ao mês anterior, foi de 1,26%, voltando ao campo positivo, depois de uma variação de -1,05% em dezembro. Como o acumulado no ano, no caso de janeiro, considera os mesmos meses, janeiro de 2021 contra dezembro de 2020, o outro indicador possível de análise é o que compara janeiro de 2021 a janeiro de 2020, no caso, houve uma variação de 34,62%, que, nesta perspectiva, é a terceira maior taxa observada na série, perdendo para outubro e novembro de 2020, 35,99% e 34,96%, respectivamente.

O destaque dado ao setor se deveu ao fato de ter sido a quarta maior variação na comparação janeiro 2021/janeiro 2020 e a principal influência, na mesma comparação, respondendo por 7,96 p.p., nos 22,96% de variação do conjunto de setores das indústrias extrativas e de transformação.

Entre os destaques, dois produtos, “resíduos da extração de soja” (com variação positiva de preços) e “leite esterilizado / UHT / Longa Vida” (com variação negativa), aparecem tanto como uma das quatro variações mais intensas quanto uma das quatro influências mais intensas. “Óleo de soja em bruto, mesmo degomado” e “rações e outras preparações utilizadas na alimentação de animais”, são os outros dois produtos destacados em termos de influência. Os quatro produtos mais influentes respondem por 1,37 p.p. da variação de 1,26%, o que significa que -0,11 p.p. é a influência dos demais 39 produtos que compõem a cesta do setor.

A cadeia de soja explica três aumentos destacados em termos de influência, pois é matéria-prima de “resíduos da extração de soja”, do “óleo de soja em bruto, mesmo degomado” e das “rações e outras preparações utilizadas na alimentação de animais”. Os preços da commodity estão elevados no mercado externo, o que é impulsionado pelo câmbio (em janeiro houve uma depreciação de 4,1% do real frente ao dólar). No caso do “leite esterilizado / UHT / Longa Vida”, o recuo de preços está ligado a uma menor demanda.

No que tange à comparação M/M-12, indicador no qual o setor mais se destaca no conjunto da indústria, novamente derivados de soja estão em destaque, mas também “carnes de bovinos frescas ou refrigeradas” e “arroz semibranqueado ou branqueado, mesmo polido ou brunido”. Estes produtos são influenciados pelo câmbio (carne) e pelo comportamento do mercado interno, em meados de 2020, somado a um aumento de preços do produto no mercado externo (arroz).

Refino de petróleo e produtos de álcool: em janeiro, a variação de preços frente a dezembro de 2020 praticamente repetiu o que havia sido a de dezembro contra novembro; 5,30%, em janeiro, 5,32%, em dezembro. De todo modo, a comparação anual apontou um cenário em que os preços de janeiro de 2021 estiveram 1,19% menores do que os de janeiro do ano anterior. Vale dizer que em janeiro de 2020, a série esteve no seu ponto máximo em termos de número-índice, 121,15.

O destaque dado ao setor se deve ao fato de ter sido a terceira maior variação no M/M-1 (que, em janeiro, coincide com o acumulado no ano, ambos comparando janeiro de 2021 contra dezembro de 2020). Além disso, foi a segunda maior influência no M/M-1, 0,45 p.p., em 3,36% da indústria geral.

Entre os produtos destacados, além dos ligados ao “óleo bruto de petróleo”, aparece “biodiesel”, o único cujos preços variaram negativamente, o que se deve à menor demanda ou, o que é importante para o produto, à baixa compra em leilão promovido pela ANP.

Outros produtos químicos: a indústria química, no mês de janeiro de 2021, apresentou uma variação média de preços, em relação a dezembro de 2020, de 4,65%, sétimo aumento consecutivo e a maior variação positiva desde março de 2020 (5,49%). Desta forma, o setor acumulou uma variação positiva de 30,19% nos últimos 12 meses, maior valor neste tipo de índice, desde outubro de 2018 (33,24%) e superior em cerca de 34 p.p. ao acumulado em 12 meses de janeiro de 2020.

Os resultados observados nos últimos meses estão ligados principalmente aos preços internacionais e ao aumento do preço de diversas matérias-primas importadas, em grande parte devido à depreciação do real frente ao dólar ao longo do ano, que atingiu 4,1% no mês e 29,1% nos últimos 12 meses.

Em relação aos grupos econômicos da atividade, os destaques foram as variações ocorridas em “fabricação de resinas e elastômeros”, com 7,23% no mês, desta forma acumulando 68,03% de variação em 12 meses. Também pode ser citado “fabricação de produtos químicos inorgânicos”, com uma variação de 5,23% no mês e de 25,93% entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021. Em relação ao grupo econômico “fabricação de defensivos agrícolas e desinfetantes domissanitários” o resultado foi de -0,85% no mês, e 10,07% em 12 meses.

No tocante aos quatro produtos que mais influenciaram o resultado no mês (2,47 p.p. em 4,65%), houve aumento de preços em todos, a saber: “adubos ou fertilizantes à base de NPK”, “propeno (propileno) não saturado”, “polipropileno (PP)” e “adubos ou fertilizantes minerais ou químicos, fosfatados”. Os demais 35 produtos da atividade apresentaram um valor acumulado de 2,18 p.p.

Metalurgia: ao comparar os preços de janeiro de 2021 contra dezembro de 2020, houve uma variação de 6,10%, sétima variação positiva seguida na atividade e com esse resultado o setor de metalurgia, nos últimos 12 meses acumulou uma variação de 38,42%. A variação mensal e a acumulada alcançaram os maiores valores em toda a pesquisa do IPP, iniciada em janeiro de 2010. Uma outra informação de destaque é que, entre dezembro de 2018 (base da série atual) e janeiro de 2021, os preços do setor tiveram uma variação acumulada de 40,16%.

Os resultados dos últimos meses estão ligados à combinação dos resultados dos grupos siderúrgicos (ligado aos produtos de aço) e do grupo de materiais não ferrosos (cobre, ouro e alumínio), que têm comportamentos de preços diferenciados. O primeiro, ligado ao setor siderúrgico, é afetado pelos preços do minério de ferro e pelo excedente de aço no mundo. Apesar deste excedente, a apreciação do dólar frente ao real de 29,1% nos últimos 12 meses e de 4,1% no mês, junto com o aumento dos preços do minério de ferro, permitiram um acréscimo de preços do aço nacional. Em relação ao segundo grupo – materiais não ferrosos – os valores costumam apresentar seus resultados ligados às cotações das bolsas internacionais.

Considerando os grupos econômicos da atividade, o siderúrgico apresentou uma variação de 5,37%, desta forma acumulando 40,06% no ano.

Do ponto de vista dos quatro produtos que mais influenciaram o resultado no mês, o resultado foi de 2,69 p.p., e de 3,41 p.p. nos demais 20 produtos analisados.

Os quatro produtos que mais influenciaram os resultados, todos com variações positivas, foram: “óxido de alumínio (alumina calcinada)”, “lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono”, “bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidos” e “chapas e tiras, de alumínio, de espessura superior a 0,2 mm”.

Na análise do acumulado em 12 meses, destacam-se os produtos: “bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidos”, “lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono”, “ouro para usos não monetários” e “vergalhões de aços ao carbono”, todos com resultados positivos.

O setor metalúrgico se destacou, na comparação com as 24 atividades da pesquisa, por ter a segunda maior variação de preços no mês e no acumulado em 12 meses, em ambos os casos atrás da atividade extrativa, onde está o seu principal insumo que é o minério de ferro, além da terceira maior influência nos resultados do mês e a quarta no acumulado no ano.

Fonte: IBGE

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