Efeito Petrobras contamina negócios e Ibovespa testa mínimas do mês
O receio renovado de ingerência do governo Bolsonaro em estatais pressionava o principal índice acionário brasileiro nesta sexta-feira, após ameaças do mandatário contra a Petrobras devido aos aumentos nos preços de combustíveis.
Às 12:30, o Ibovespa recuava 0,3%, aos 118.752,66 pontos, com o indicador flertando com as mínimas do mês. O giro financeiro da sessão somava 13,17 bilhões de reais.
Os papéis da Petrobras lideravam perdas após o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado na noite da véspera que ia ter consequência a fala do presidente da empresa, Roberto Castello Branco, de que os caminhoneiros não eram problema da empresa.
Bolsonaro também antecipou a renúncia dos impostos federais sobre o gás de cozinha e a interrupção da tributação federal sobre o óleo diesel por dois meses.
Os caminhoneiros têm ameaçado fazer greve em protesto, entre outros fatores, contra os sucessivos aumentos nos preços do óleo diesel. Na véspera, a Petrobras anunciou reajustes do diesel e da gasolina, a partir desta sexta-feira.
Comentando o caso em nota a clientes, o Goldman Sachs afirmou ver "a notícia como negativa para a empresa porque adiciona ruído à análise de investimento".
Também em relatório, a Levante Investimentos lembrou que Bolsonaro também havia ameaçado demitir o presidente do Banco do Brasil, André Brandão, após o banco ter anunciado um plano de fechamento de agências e de demissão voluntária.
"Os impactos de uma possível intervenção na Petrobras podem afugentar o capital estrangeiro para investimentos (...) se espalhar para em ativos nos setores de infraestrutura, energia elétrica e em todos os setores que há alguma regulamentação estatal mais firme, com consequências no médio e longo prazos", afirmou a Levante no documento.
Com esse ruído no foco, de pouco valia a influência positiva de Wall Street, com recuperação leve das ações de tecnologia.
Na agenda corporativa, IRB Brasil também pesava no índice, após ter divulgado nova rodada de prejuízo no quarto trimestre.
O que aliviava a pressão sobre o índice era a disputa nos contratos de opções sobre ações, que vencem na próxima segunda-feira (22).
DESTAQUES
- PETROBRAS PN desabava 5,5%, enquanto PETROBRAS perdia 6,7%, com os receios de interferência do governo na política de preços da estatal.
- IBR BRASIL RE recuava 4,2%, após a atribulada resseguradora ter anunciado na madrugada que teve prejuízo de 620,2 milhões de reais para outubro a dezembro, afetada por reversão de crédito tributário no exterior, entre outros fatores. Em 2020, o prejuízo foi de 1,5 bilhão.
- MAGAZINE LUIZA tinha baixa de 1,8%, sendo alvo de realização de lucros, após fortes ganhos nos últimos meses. na ponta contrária, B2W tinha ganho de 5,5%.
- SANTANDER BRASIL subia 2,4%, com o setor bancário destoando da tendência majoritariamente negativa. BRADESCO tinha ganho de 0,9%, enquanto ITAÚ UNIBANCO era valorizada em 0,5%.
- GPA subia 3%, após seu maior rival CARREFOUR BRASIL ter divulgado nesta semana forte resultado trimestral e ter previsto resultado animador para 2021.
- JHSF caía 2,7%. O grupo imobiliário divulgou na quinta-feira queda anual de 10% no lucro líquido do quarto trimestre, impactada por medidas de isolamento social sobre seus empreendimentos.
- LOCAWEB, fora do índice, era uma das ações mais negociadas e subia 6,6%, após ter anunciado na véspera a compra de duas plataformas de e-commerce: a Credisfera, de soluções de crédito para pequenas e médias empresas, e a Dooca, que ajuda lojistas a montar loja virtual.