IBGE: Índice de Preços ao Produtor (IPP) varia 0,41% em dezembro e fecha 2020 em 19,40%

Publicado em 29/01/2021 09:09

Os preços da indústria subiram 0,41% em dezembro, na comparação com novembro. Em dezembro, 17 das 24 atividades apresentaram variações positivas de preços, contra 18 no mês anterior. Em 2020, os preços da indústria acumularam crescimento de 19,40%, a maior alta da série histórica iniciada em 2014. 

O Índice de Preços ao Produtor (IPP) das Indústrias Extrativas e de Transformação mede a evolução dos preços de produtos “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, e abrange informações por grandes categorias econômicas, ou seja, bens de capital, bens intermediários e bens de consumo (duráveis e semiduráveis e não duráveis).Em dezembro, os preços da indústria variaram 0,41 % em relação a novembro, número inferior ao observado na comparação entre novembro e outubro (1,38%). As quatro maiores variações observadas em dezembro foram em refino de petróleo e produtos de álcool (5,41%), outros equipamentos de transporte (-3,01%), borracha e plástico (2,75%) e fumo (-2,38%).

Em termos de influência no resultado geral, sobressaíram refino de petróleo e produtos de álcool (0,43 p.p.), alimentos (-0,31 p.p.), metalurgia (0,11 p.p.) e borracha e plástico (0,10 p.p.)

O acumulado no ano atingiu 19,40%, ante 18,91% em novembro. Entre as atividades que tiveram as maiores variações percentuais neste indicador, destaque para indústrias extrativas (45,35%), metalurgia (34,36%), madeira (32,71%) e alimentos (30,23%).

As maiores influências foram alimentos (7,11 p.p.), indústrias extrativas (2,04 p.p.), metalurgia (2,00 p.p.) e outros produtos químicos (1,83 p.p.).

Em dezembro, a variação de 0,41% frente a novembro repercutiu da seguinte maneira entre as Grandes Categorias Econômicas: -1,15% em bens de capital; 0,50% em bens intermediários; e 0,58% em bens de consumo, sendo que 1,08% foi a variação observada em bens de consumo duráveis e 0,48%, a em bens de consumo semiduráveis e não duráveis.  A influência das Grandes Categorias Econômicas foi: -0,09 p.p. de bens de capital, 0,28 p.p. de bens intermediários e 0,21 p.p. de bens de consumo. No caso de bens de consumo, 0,07 p.p. se deveu às variações de preços observadas nos bens de consumo duráveis e 0,15 p.p., nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis.

No acumulado no ano, as variações chegaram a 16,10% em bens de capital (com influência de 1,20 p.p.), 24,41% em bens intermediários (13,05 p.p.) e 13,18% em bens de consumo (5,15 p.p.). No último caso, este resultado foi influenciado em 0,77 p.p. pelos produtos de bens de consumo duráveis e 4,38 p.p., pelos bens de consumo semiduráveis e não duráveis.A seguir os principais destaques:

Indústrias extrativas: em dezembro, os preços do setor, em relação a novembro, tiveram uma variação de -1,28%, a segunda negativa consecutiva (-2,05%, em novembro), acumulando em 2020 uma variação de 45,35%. Vale dizer que, em outubro, o acumulado alcançou o ponto mais alto da série, 50,31%. Assim mesmo, no fechamento de ano, 2020 é o maior da série iniciada em dezembro de 2014.

O destaque dado ao setor se deve ao fato de ter sido a variação mais intensa entre todos os setores das indústrias extrativas e de transformação no acumulado no ano (que, em dezembro, se confunde com o acumulado dos últimos 12 meses). Já, em termos de influência, no mesmo acumulado, é o segundo (2,04 p.p.), em 19,40%.

O resultado negativo esteve ligado em grande parte a diminuição de preços do segundo produto de maior peso no setor (37,68%), “minérios de ferro e seus concentrados, em bruto ou beneficiados, exceto pelotizados ou sinterizados”, haja vista que o de maior peso, “óleos brutos de petróleo” (40,54%), teve variação positiva de preços.

Alimentos: em dezembro, os preços do setor variaram em média -1,17%, primeiro resultado negativo desde junho (-0,73%) e o terceiro observado ao longo do ano (em janeiro, -1,91%). Assim, em 2020, os preços do setor variaram em 30,23%, recuo em relação ao acumulado até novembro, 31,78%. De toda forma, é a maior variação positiva da série num fechamento de ano, superando a de dezembro de 2010, 21,24%.

O destaque dado ao setor se deve ao fato de ter sido a quarta maior variação acumulada no ano (que, em dezembro, se iguala a do acumulado em 12 meses), a segunda maior influência no mês (-0,31 p.p., em 0,41%) e a maior influência no acumulado no ano, ou em 12 meses (7,11 p.p., em 19,40%).

Os quatro produtos com maior variação de preços estão na pauta de exportação brasileira. Nesse sentido, a apreciação do real frente ao dólar em 5,0% explica em parte a redução de preços observadas em três deles. No caso do aumento de preços de “carnes e miudezas de aves congeladas”, a justificativa encontra-se na maior demanda, particularmente em época de festividade natalina.

No que tange aos grupos abertos do setor, seja a taxa dezembro contra novembro, seja a de dezembro 2020/dezembro de 2019, três grupos têm taxas mais intensas que a média do setor. No caso do indicador mensal, “abate e fabricação de produtos de carne” (-1,34%), “fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais” (-1,70%) e “fabricação e refino de açúcar” (-2,72%). No caso do acumulado, "fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais" (63,82%),  “moagem, fabricação de produtos amiláceos e de alimentos para animais” (40,17%) e “fabricação e refino de açúcar” (30,81%).

Na explicação dos resultados de 2020, não se pode perder de vista o problema de abastecimento de arroz, o câmbio (cuja depreciação do real frente ao dólar foi de 25,2%), além das particularidades no comportamento do mercado internacional para os derivados de soja e de cana-de-açúcar e as carnes de modo geral.

Refino de petróleo e produtos de álcool: na comparação com o mês anterior, os preços do setor subiram, em média, em 5,41%, terceira variação positiva consecutiva. Apesar disso, no ano, os preços variaram em -5,47%, segundo ano na série em que o fechamento é negativo (dezembro de 2016, -2,44%). No acumulado no ano, porém, a variação negativa mais intensa ocorreu em maio de 2020, -36,26%, sendo a maior da série, quer se compare com o mesmo mês de outros anos, quer se compare com qualquer outro mês.

O destaque ao setor se deveu  ao fato  de  ter sido  a maior  variação e a maior influência, 0,43 p.p., em 0,41%, no resultado mensal. Foi também o segundo setor de maior contribuição ao resultado do mês, 8,92%, contra 27,14% de alimentos.

Entre os produtos destacados entre as mais intensas variações e influências, todos são derivados de petróleo, incluindo-se entre eles aqueles dois que têm o maior peso no cálculo setorial, “óleo diesel” (40,74%) e “gasolina, exceto para aviação” (23,05%).

Outros produtos químicos: a indústria química no mês de dezembro apresentou uma variação média de preços, em relação a novembro, de 0,43%, sexto aumento consecutivo, mas a menor variação positiva no ano. O setor acumulou uma variação positiva de 23,71% em 2020, superior em cerca de 30 p.p. ao fechamento dos resultados em dezembro de 2019, que havia sido de -6,55%. A variação de preços em 2020 é a maior em toda a série do IPP. Em relação ao acumulado em 12 meses, o valor de 23,71% é o maior valor desde outubro de 2018, quando chegou a 33,24%.

Os resultados observados nos últimos meses estão ligados principalmente aos preços internacionais e ao aumento do preço de diversas matérias-primas importadas, em grande parte devido à depreciação do real frente ao dólar ao longo do ano e que atingiu em 2020 o resultado de 25,2%.

Em relação aos grupos econômicos da atividade, os destaques foram as variações ocorridas em “fabricação de resinas e elastômeros”, com 2,28% no mês, desta forma acumulando 56,51% de variação no ano. Os demais grupos econômicos que são detalhadas na pesquisa obtiveram resultados negativos no mês. “Fabricação de produtos químicos inorgânicos” com -1,14% no mês e 18,11% no ano, e “fabricação de defensivos agrícolas e desinfetantes domissanitários” com -0,55% no mês, e 12,48% no ano.

Em relação aos quatro produtos que mais influenciaram o resultado no mês (0,49 p.p. em 0,43%), houve aumento de preços em dois deles: “policloreto de vinila (PVC)” e “poliestireno (cristal ou de alto impacto)”. Entretanto, “adubos ou fertilizantes à base de NPK” e “polietileno linear, com densidade inferior a 0,94” tiveram, em média, queda de preços. Os demais 35 produtos da atividade apresentaram um valor acumulado de -0,06 p.p.

Borracha e Plástico: com a variação de 2,75% dos preços de dezembro contra novembro, o setor acumulou uma variação anual de 19,33%, a maior da série, superando assim o fechamento de 2018, quando os preços aumentaram, em média, em 10,75%.

O destaque dado ao setor se deveu ao fato de ter sido, na comparação dezembro contra novembro, a terceira maior variação entre todas as atividades das indústrias extrativas e de transformação e, na mesma comparação, a quarta maior (em módulo) influência, 0,10 p.p., em 0,41%.

Os seis produtos em destaques — dois são ao mesmo tempo destaque em termos de variação e em termos de influência — são todos do grupo “fabricação de produtos de material plástico”.  Vale dizer que os dois de maior peso neste grupo, “filmes de material plástico (inclusive BOPP) para embalagem” e “sacos de material plástico para embalagem ou transporte” aparecem apenas entre os mais influentes. Os quatro mais influentes respondem por 1,33 p.p., em 2,75%, ou seja, 1,42 p.p. é a influência dos demais 17 produtos de plástico e dos dez de borracha.

Na abertura por grupos, as variações em “fabricação de produtos de material plástico” estiveram acima da média do setor, tanto no indicador mensal (3,09% contra 2,75%) quanto no acumulado no ano (22,98% contra 19,33%). O comportamento do setor esteve pautado por aumento de custo, via câmbio, e pela dificuldade de obter matéria-prima frente aos problemas desencadeados pela pandemia.

Metalurgia: ao comparar os preços médios de dezembro contra novembro, houve uma variação de 1,65%, sexta variação positiva seguida na atividade. Com esse resultado o setor de metalurgia acumulou, no ano, uma variação de 34,36%, maior valor acumulado tanto para fechamento de ano quanto na série acumulada em 12 meses, em toda a pesquisa do IPP, iniciada em janeiro de 2010. Uma outra informação de destaque é que entre dezembro de 2018 (base da série atual) e dezembro de 2020, os preços do setor tiveram uma variação acumulada de 32,09%.

Do ponto de vista dos produtos que mais influenciaram o resultado no mês, houve uma influência de 0,11 p.p. dos quatro mais relevantes e de 1,54 p.p. nos demais 20 produtos analisados. A influência quase nula dos quatro produtos de maior influência, ocorreu devido à queda de preços médios de “ouro para usos não monetários” e de “óxido de alumínio (alumina calcinada)”, queda que foi equilibrada pelo aumento de preços de “chapas e tiras, de alumínio, de espessura superior a 0,2 mm” e de “bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidos”.

No acumulado no ano, destacam-se: “bobinas a quente de aços ao carbono, não revestidos”, “lingotes, blocos, tarugos ou placas de aços ao carbono”, “ouro para usos não monetários” e “vergalhões de aços ao carbono”, todos com resultados positivos.

O setor metalúrgico se destacou, na comparação com as 24 atividades da pesquisa, por ter a segunda maior variação de preços no ano e a terceira maior influência nos resultados do mês e no acumulado no ano.

 

Fonte: IBGE

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