Quem troca ministro é o presidente, diz Bolsonaro ao negar demissão de chanceler
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro negou nesta quinta-feira a intenção de demitir o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, conforme havia indicado na véspera o vice-presidente Hamilton Mourão e, em conversa com apoiadores, fez questão de falar que cabe a ele a troca dos seus ministros.
"O vice falou que eu estou para trocar o chefe do Itamaraty. Quero deixar bem claro uma coisa. Tenho 22 ministros efetivos e um que é interino. Aí que nós podemos ter um nome diferente ou efetivação do atual. Nada mais além disso", disse ele a apoiadores no Palácio da Alvorada.
Atualmente, o único ministro interino no primeiro escalão é Pedro Marques de Souza, na Secretaria-Geral da Presidência, que assumiu o cargo após a ida de Jorge Oliveira, um forte aliado do presidente, para a cadeira de ministro do Tribunal de Contas da União.
Ainda assim, tem ocorrido especulações de que ocorra uma reforma ministerial após a eleição para o comando das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado.
Na quarta-feira, Mourão foi nessa linha. "Acho que poderá ocorrer uma reorganização do governo para que seja acomodada a nova composição política que emergir desse processo. Talvez alguns ministros sejam trocados, entre eles, o próprio Ministério das Relações Exteriores", disse o vice em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Bolsonaro criticou o fato de que "toda semana" a mídia diz que haverá troca no primeiro escalão, considerando que isso tenta "sempre semear a discórdia no nosso governo". Ele aproveitou para cutucar Mourão, vice com quem vez por outra tem embates.
"Eu lamento que gente do próprio governo agora passe a dar palpites no tocante a troca de ministros. O governo vai indo bem apesar dos problemas que nós temos da pandemia que realmente deu uma atrapalhada em quase tudo", afirmou.
"O que nós menos precisamos é de palpiteiros do tocante a formação do meu ministério. E deixo bem claro: todos os meus 23 ministros eu que escolho e mais ninguém e ponto final. Se alguém quiser escolher, que se candidate em 2022 e boa sorte em 2023", emendou.
Em uma quase certa candidatura à reeleição, o presidente tem dado sinais de que deverá trocar Mourão como companheiro de chapa.
(Reportagem de Ricardo Brito)