Dólar oscila com exterior e dados locais, em meio a rolagens de fim de mês

Publicado em 28/01/2021 12:03

O dólar oscilava com viés de alta no fim da manhã desta quinta-feira, depois de chegar a subir mais de 1% e cair 0,2%, acompanhando perda de fôlego da moeda norte-americana no exterior, enquanto investidores digeriam dados melhores sobre mercado de trabalho doméstico, desdobramentos políticos em Brasília e avanço da Covid-19 no Brasil.

A intensificação das rolagens de contratos futuros e opções, típicas de fim de mês, colaborava para a volatilidade do mercado.

Às 11:50, o dólar avançava 0,35%, a 5,4220 reais na venda, após tocar 5,4616 reais na máxima do dia, salto de 1,08%. Na mínima, a moeda marcou 5,3907 reais, queda de 0,23%.

Na B3, o contrato mais líquido de dólar futuro subia 0,10%, para 5,4195 reais.

No exterior, o índice do dólar frente a uma cesta de rivais caía 0,18%, depois de subir 0,23%. Peso mexicano e dólar australiano, divisas arriscadas pares do real, reduziam suas perdas contra a moeda dos EUA, enquanto lira turca e rand sul-africano avançavam.

A aparente melhora no apetite por risco internacional refletia-se também em Wall Street, que sofreu forte liquidação na véspera em meio a temores sobre a pandemia de coronavírus e percepção de valuations esticados --conceito que se relacionada com preços de ativos acima dos sugeridos pelos fundamentos.

Às 11:50 (horário de Brasília), o índice Dow Jones subia 1,09%, a 30.632 pontos, enquanto o S&P 500 ganhava 0,781173%, a 3.780 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançava 0,78%, a 13.375 pontos. Os rendimentos dos Treasuries operavam em alta.

No âmbito doméstico, estavam no foco dados econômicos. O Brasil tinha 14 milhões de desempregados no trimestre encerrado em novembro, mas a população ocupada aumentou. E em 2020 houve geração líquida de postos formais de trabalho, apesar da pandemia.

Já a pauta fiscal continuava sob os holofotes, em meio a incertezas sobre o respeito ao teto de gastos por parte do governo diante das fortes despesas geradas pela pandemia.

"Neste momento o governo está pressionado pela corrente política que deseja a reedição dos programas assistenciais, para os quais não existem fontes de financiamentos, mas este estado de coisas exerce pressão psicológica sugerindo descumprimento do teto orçamentário, o que (...) é negado pelo governo e provoca enormes ruídos, afetando as perspectivas negativas", explicou Sidnei Nehme, economista e diretor executivo da NGO Corretora.

Isso ocorre num contexto de forte disseminação da Covid-19 em meio a novas variantes mais infecciosas da doença, apesar do início da vacinação da população no Brasil.

Na quarta-feira, partidos da oposição --PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL e Rede-- protocolaram mais um pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, denunciando-o por crime de responsabilidade na condução da saúde durante a pandemia de Covid-19.

A pressão sobre Bolsonaro acontece em meio à disputa pelas presidências da Câmara e do Senado em Brasília, cujo resultado pode ter impacto na capacidade do governo de avançar ou não com sua agenda de reformas estruturais, que são vistas por boa parte dos mercados como essenciais para aliviar as contas públicas brasileiras.

"Resta agora entender o compromisso do governo com as reformas, caso consiga uma onda favorável nas casas legislativas, pois a 'desculpa' da trava por presidentes da Câmara e do Senado se esvai, daí a responsabilidade do Executivo em alimentar o Congresso com as pautas reformistas daqui em diante", escreveu Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

O dólar fechou a última sessão com salto de 1,50%, a 5,4032 reais na venda.

Fonte: Reuters

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